
O orçamento do órgão utilizado pelo governo Cláudio Castro (PL) para criar uma folha de pagamento secreta com ao menos 18 mil cargos cresceu fortemente nos últimos anos —de R$ 16,5 milhões, em 2019, para R$ 414,9 milhões neste ano, quando o governador disputa a reeleição. As informações fazem parte de uma reportagem do jornalista Igor Mello, do Uol.
Em relação ao ano passado, o orçamento do Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Fundação Ceperj) aumentou quase R$ 300 milhões. Os pagamentos já efetivados só no primeiro semestre são 89% maiores do que os realizados em todo o ano de 2021.
De acordo com Uol, neste ano, o Executivo fluminense já empenhou R$ 414,9 milhões na Ceperj —o valor supera em muito os R$ 127,4 milhões reservados em todo o ano de 2021. Desde que assumiu o governo, Castro aumentou em 25 vezes o orçamento da Ceperj em relação ao patamar de 2019.
A Ceperj —fundação criada para produção de informações e treinamento de funcionários públicos— está contratando sem nenhuma transparência ao menos 18 mil pessoas para atuar em projetos em diversas áreas. Os nomes desses funcionários não são publicados em Diário Oficial e tampouco aparecem em documentos disponíveis para consulta. As remunerações são sacadas por funcionários na boca do caixa do Banco Bradesco, sem nem sequer um contracheque.
Para efeito de comparação com os anos anteriores, a reportagem considerou valores reservados para o pagamento de despesas porque o orçamento relativo aos primeiros seis meses deste ano ainda não foi integralmente pago, o que é realizado ao longo do ano conforme os serviços são prestados.
O gráfico mostra que os valores empenhados nos anos anteriores foram quase integralmente pagos. O orçamento do órgão pode ainda aumentar ao longo do ano. Outra Reportagem do Uol mostrou, por exemplo, que a gestão Castro remanejou R$ 58 milhões da Educação para a Ceperj no dia 30 de junho —esses recursos não estão incluídos no orçamento de R$ 414,9 milhões (valor atualizado no final do mês passado pela Secretaria de Fazenda).
O governo do Rio não comentou a ampliação do orçamento da Ceperj.
Cargos em troca de apoio político
O Uol também relata que Castro vem oferecendo nomeações em projetos da Ceperj em troca de apoio político. O ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil), que é pré-candidato ao governo do RJ, diz que recebeu oferta de 520 cargos para apoiar a reeleição de Castro.
Castro usa segurança pública para se reeleger
Castro vem usando subterfúgios para tentar a reeleição e a Segurança Pública é mais um deles. A ocupação da Favela do Jacarezinho realizada por Cláudio Castro, em janeiro deste ano, despertou muitas críticas por repetir a fórmula fracassada das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que foram implementadas em favelas do Rio nos últimos anos. A presença policial ostensiva começou sem a apresentação de um plano de segurança pública que detalhasse os objetivos da ação.
A Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da capital carioca, amanheceu nesta quarta com um contingente de mais de mil policiais realizando uma ocupação como parte do programa Cidade Integrada, lançado por Castro em ano eleitoral.
A Rede de Observatório de Segurança divulgou uma nota criticando o Cidade Integrada e lembrando que o Jacarezinho foi vítima da chacina mais letal da história do Rio há 8 meses.
“Cláudio Castro tenta usar a memória dos tempos dourados das UPPs, que na época garantiu a reeleição de Sérgio Cabral, para gerar capital político em ano de eleição. O uso da segurança pública para fins eleitorais é uma receita conhecida para o fracasso e para a violação de direitos da população de favelas”, criticaram.
Marcelo Freixo tem disputa acirrada com Castro
Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Castro é pré-candidato à reeleição e vem tendo dificuldades para crescer —nas pesquisas, ele aparece em empate técnico com o pré-candidato ao governo do RJ Marcelo Freixo (PSB-RJ), que é apoiado pelo ex-presidente Lula (PT) para vencer a disputa.
No último levantamento do Datafolha, divulgado no dia 01 de julho, Freixo aparece numericamente à frente, dentro da margem de erro, com 22%, enquanto Castro registra 21% das intenções de votos.
Com informações do Uol