
Com Lucas Vasques
Envolvido no escândalo dos Pandora Papers, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mentiu à Comissão de Ética Pública da Presidência. Em maio de 2019, ele afirmou que iria adotar medidas para “mitigar ou prevenir” conflito de interesses sobre offshores, enquanto estivesse à frente da pasta.
A informação foi divulgada, nesta segunda-feira (4), pela comissão, de acordo com reportagem de Marianna Holanda e Ricardo Della Colletta, na Folha de S.Paulo.
O fato foi revelado um dia depois que o consórcio internacional de jornalistas anunciou que Guedes e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, mantinham empresas em paraísos fiscais.
A comissão afirmou, ainda, que os conselheiros também teriam feito recomendações para evitar essa possibilidade, no encontro que avaliou a Declaração Confidencial de Informações (DCI) de Guedes.
Em relação a Campos, a situação é a mesma. Durante reunião que analisou a declaração do presidente do BC, em agosto de 2019, ele também disse que adotaria medidas para “mitigar e evitar” conflitos de interesses.
Na nota da Comissão de Ética, entre as medidas determinadas e aceitas pela comissão, “encontra-se a recomendação de manter inalteradas as posições de seus investimentos durante todo o exercício do cargo”.
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Apuração ética
O colegiado não descarta instaurar processo de apuração ética contra as autoridades, no caso de descumprimento das recomendações.
Molon vai apresentar ação contra Guedes
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), anunciou que vai apresentar uma ação de improbidade contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Ministério Público Federal (MPF).
Molon também exige a convocação dos dois integrantes do governo de Jair Bolsonaro à Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos.
“É um escândalo, é gravíssimo. Viola frontalmente o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal e, portanto, deveria levar à demissão do Ministro. Nós, da Oposição, vamos propor a convocação do Ministro e do presidente do Banco Central para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados e entrar com representação no Ministério Público Federal (1ª instância) por improbidade administrativa contra ambos”, disse o deputado.