
O magnata bilionário Elon Musk e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontraram na manhã desta sexta-feira (20) durante um evento no interior de São Paulo. Os dois liberais participaram de um evento com cerca de 100 convidados em um hotel de luxo em Porto Feliz (SP).
O motivo da reunião? Segundo o homem mais rico do mundo, a visita faz parte do lançamento de um projeto envolvendo a Starlink, rede de satélites da empresa Space X, da qual ele é dono, que promete internet de alta velocidade e acesso em locais remotos.
Em uma postagem no Twitter, Musk disse que o projeto vai conectar 19 mil escolas nas zonas rurais e monitorar a Amazônia.
Fugindo das atuais polêmicas que está envolvido, desde acusação de abuso sexual e propina para encobrimento do caso a suspensão da compra da rede social Twitter após falhas na concessão de crédito, Musk chega ao Brasil para lançar o susposto projeto em período pré-eleição.
E não é de se estranhar o envolvimento do bilionário em político. Elon Musk flerta com a extrema direita global e demonstra um perfil autoritário, “fórmula mágica” que enche os olhos do chefe do Executivo brasileiro.
Além disso, Musk tem um histórico de atitudes inconsequentes que revelam um perfil ireverente e contraditório, muito parecido com Bolsonaro — com menos inteligência, claro.
O Socialismo Criativo relembra casos polêmicos do magnata e promove o questionamento: como se “regula” um homem que vale mais de US$ 200 bilhões e que pensa que sabe melhor do que todos os outros?
Twitter: terra sem lei
Antes de tentar comprar a rede social Twitter, o empresário vinha criticando publicamente a plataforma por considerar que ela não se guia pelo princípio da liberdade de expressão, pois o Twitter funciona com moderação de conteúdo. Ou seja, algoritmos e profissionais humanos podem bloquear e/ou suspender perfis que violem as regras de uso.
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Alguns especialistas temem que mudar esse jeito de funcionar da plataforma será uma oportunidade para a proliferação de discursos de ódio e fake news.
Em resposta sobre essa polêmica, Musk publicou no dia 26 de abril a frase: “Por ‘liberdade de expressão’ quero dizer simplesmente aquilo que está de acordo com a lei. Sou contra a censura que vai muito além da lei. Se as pessoas quiserem menos liberdade de expressão, pedirão ao governo que aprove leis nesse sentido. Portanto, ir além da lei é contrário à vontade do povo.”
Chamou Putin para “luta um contra um”
Dez dias após a Rússia entrar com suas tropas na Ucrânia, Musk chamou o presidente Vladimir Putin para uma “luta um contra um“. O ganhador ficaria com o país invadido.
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O líder da República da Chechênia e aliado de Putin, Ramzan Kadyov, respondeu que Musk lutaria em uma categoria fora de seu peso e contra um oponente “masculino“.
Musk dobrou a aposta durante uma troca de mensagens posterior e, inclusive, mudou seu nome temporariamente para “Elona” na rede social para zombar dos comentários machistas de Kadyrov.
Minimizou pandemia
Em março de 2020, Musk minimizou a pandemia de coronavírus, classificando “o pânico” em relação a Covid-19 como “burro“.
Em um email para funcionários da Tesla ele até afirmou — sem dizer a fonte dos dados —, que acidentes de carros matavam mais do que a doença.
The coronavirus panic is dumb
— Elon Musk (@elonmusk) March 6, 2020
Racismo, assédio sexual e más condições de trabalho
Em outubro de 2021, um júri federal ordenou que Tesla, empresa de Musk, pagasse US$ 137 milhões a um funcionário negro que acusou a montadora de ignorar um abuso racial. Além de discriminação, ex-funcionários de suas empresas já denunciaram casos de assédio sexual e más condições de trabalho.
De acordo com a revista Forbes, seis mulheres entraram com processo alegando que foram assediadas por colegas. Segundo as acusações, a companhia não teria tomado nenhuma medida.
Multado e “demitido”
Em agosto de 2018, Musk acabou entrando na mira dos reguladores da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) após tuitar que tiraria a Tesla da bolsa de valores.
“Estou considerando privatizar a Tesla a 420 dólares [por ação]”, tuitou. O mercado reagiu ao comentário, que Musk nunca cumpriu.
Após assinar um acordo com os reguladores estadunidenses, Musk deixou o cargo de presidente-executivo da Tesla, e teve que pagar multa de US$ 20 milhões por enganar investidores.
Assédio sexual
Em 2018, a SpaceX pagou US$ 250 a uma comissária de bordo que acusou Elon Musk de assédio sexual. O valor foi determinado para encerrar o processo contra o empresário.
Segundo a comissária, ele passou a mão em sua perna sem consentimento, pediu uma passagem erótica e expôs seu órgão sexual para ela.
Golpe na Bolívia
Após ser criticado por envolvimento no golpe na Bolívia, o bilionário Elon Musk, publicou no Twitter afirmando que dará “golpe em quem quiser. Lidem com isso!”.
O magnata estava reagindo a um comentário de um seguidor afirmando que não é do interesse do povo norte-americano. “O governo dos EUA está organizando um golpe contra Evo Morales na Bolívia” para que ele “possa obter lítio”.
Elon Musk: “We will coup whoever we want! Deal with it.”
— Parker (@panoparker) October 19, 2020
Bolivia just stopped him from mining in their country. I’d say they dealt with it pretty well. pic.twitter.com/5dR0E7wZyh
A resposta para o questionamento é: não se regula ou controla alguém com tamanha irreverência e fortuna. Musk alimenta seu ego equanto se abana com os milhares de dólares que possui. O bilionário já demonstrou acreditar que “pode tudo”, até desafiar um presidente em uma luta.
Em uma sociedade capitalista e que enche de regalias os multimilionários, Musk tem um terreno fértil para “plantar” seu dinheiro e crescer sua influência.