
Em meio à renúncia do presidente da Eletrobras e às discussões sobre privatização, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que campanhas de publicidade da estatal foram veiculadas em canais de conteúdo inadequado, com fake news e jogos de azar ilegais.
Segundo a auditoria, a “Campanha Institucional Resultados” da estatal, veiculada em maio e junho de 2019 no YouTube e no Google Play, foi transmitida em 66 canais de conteúdo inadequado, e exibida pelo menos 23,1 mil vezes.
Publicidade indevida
Entre os canais, 26 desrespeitam direitos de autor ou de transmissão; 19 têm donos que são titulares de cargos eletivos — como parlamentares —, 16 apresentam fake news; quatro abordam jogos de azar ilegais; e um promove autoridades.
A CGU também identificou que a publicidade da Eletrobras foi exibida em 3.427 canais do YouTube removidos por descumprimento das regras da plataforma. Os auditores apontaram ainda erro na execução da publicidade em relação ao público-alvo.
“Parte das impressões terminou sendo veiculada em canais de conteúdo majoritariamente destinado ao público infanto-juvenil e canais de música. O conteúdo dos canais não guarda relação com o público alvo da campanha, ou seja, não figuram na segmentação definida no plano de mídia analisado”, diz o documento.
De acordo com a CGU, 3.643 canais com esse perfil transmitiram a publicidade da Eletrobras, a um custo de R$12,8 mil.
O documento mostra ainda que em dois contratos — com a Agência 3 Comunicação Integrada e a Nova SB Comunicação, que somam R$ 55 milhões — não há cláusulas sobre a distribuição do conteúdo em páginas e redes inadequadas.
Desestatização
O Ministério da Economia iniciou a elaboração de Medida Provisória para incluir a Eletrobras no Programa Nacional de Desestatização (PND). A ideia foi levantada pela equipe econômica após a péssima reação do mercado diante da saída do presidente da Eletrobras.
O governo então avaliou que se incluísse desde já a Eletrobras no PND poderia passar o recado ao mercado de que a agenda de privatizações não foi sepultada.
Como a estatal representa 70% das privatizações, a ideia com a MP é que, a partir de sua edição, ela já seja incluída na modelagem de privatizações que o BNDES faz nesses casos. A ideia é que a Eletrobras seja privatizada ate o final do mandato de Jair Bolsonaro.
Se de fato a MP for encaminhada, o assunto seria um dos primeiros da agenda legislativa e dos novos presidentes da Câmara e do Senado que serão eleitos na próxima segunda-feira. Em outra frente, o projeto de lei que o Executivo mandou para privatizar a empresa e que não avançou seria abandonado.
Com informações do Globo e CNN Brasil
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