
Após eleger o presidente da República, três governadores, quatro senadores, 52 deputados federais e 76 estaduais há dois anos, o PSL naufragou nas principais cidades do país. O presidente Jair Bolsonaro deixou a sigla no ano passado, mas discute um retorno para disputar a reeleição em 2022.
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O partido dono da segunda maior fatia do fundo eleitoral – dinheiro público usado para financiar campanhas -, com R$ 199,4 milhões, não conseguiu levar seus candidatos ao segundo turno nas 14 capitais que disputou e, de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 1h, havia conquistado apenas 53 prefeituras, número bem abaixo de siglas como MDB (448), Progressistas (415), PSD (449) e DEM (309).
Naufrágio do PSL
O “fiasco” do PSL ficou evidenciado nos dois maiores colégios eleitorais do País. Antes tratada como candidatura prioritária da sigla, a deputada Joice Hasselmann amargou um sétimo lugar na corrida eleitoral de São Paulo, com menos de 2% dos votos. No Rio, o deputado Luiz Lima também teve desempenho fraco, com 6% dos votos e a quinta colocação.
“O futuro do PSL para 2022 depende do retorno do (presidente Jair) Bolsonaro ao partido. Nesta eleição, em 2020, o PSL mostrou que naufraga sem o Bolsonaro. O PSL tem fundo eleitoral de partido grande, e desempenho eleitoral de partido nanico”, afirmou Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor de Ciência Política da FGV São Paulo.
Ascensão do DEM e estabilidade do MDB
Enquanto isso, o DEM, partido que hoje comanda as duas casas do Legislativo federal, foi o que mais cresceu nas capitais ao eleger três prefeitos logo no primeiro turno depois de ter apenas um eleito em 2016 – Bruno Reis, em Salvador, Gean Loureiro, em Florianópolis, e Rafael Greca, em Curitiba. A sigla ainda disputará o segundo turno no Rio de Janeiro, com Eduardo Paes.
O bom desempenho da sigla após um longo período de declínio em disputas passadas só é comparável ao quadro de 1988, quando o DEM ainda se chamava PFL. Naquele ano, elegeu 1.058 prefeitos no País, sendo cinco em capitais.
“É um alargamento do DEM, seja o DEM raiz, seja o DEM inflado, que recebeu dois políticos em suas frentes que estão se reelegendo”, destacou o cientista político Humberto Dantas, coordenador do Master em Liderança e Gestão Pública do Centro de Liderança Pública (CLP).
O MDB, tradicionalmente o partido com maior capilaridade nacional, mantinha a liderança em número de prefeituras segundo dados da apuração até o início da madrugada. Com 3.398 prefeituras já definidas, 448 ficaram com o partido, enquanto os partidos do centrão PSD e PP reuniam, cada uma, 449 e 415, respectivamente. A sigla terá candidatos no segundo turno em sete capitais. Em 2016, conseguiu quatro.
PT amarga e abre espaço para siglas de esquerda
Já o declínio do PT nas grandes capitais continua. A legenda do Lula (PT) não venceu em nenhuma capital. O partido disputa o segundo turno no Recife, com Marília Arraes, e em Vitória, com João Coser, ex-prefeito da cidade.
Com a dificuldade do PT de retomar tração, outros partidos da esquerda ganharam espaço. Guilherme Boulos (PSOL) disputará o segundo turno em São Paulo contra Bruno Covas (PSDB). Em Belém, o deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), que já governou a capital paraense por dois mandatos quando era filiado ao PT, disputará a prefeitura com o Delegado Federal Eguchi (Patriota).
O PSDB manteve o controle sobre a prefeitura de Palmas, com a reeleição de Cinthia Ribeiro, e Natal, com Alvaro Dias. A sigla ainda disputará o segundo turno em três capitais – São Paulo, Teresina e Porto Velho. Ainda que vença todas, terminaria com menos prefeituras nas capitais do que em 2016, quando abocanhou sete. A legenda foi a segunda a eleger mais prefeitos há quatro anos.
“O PSDB pode estar perdendo espaço para o Centrão. É de se destacar o crescimento do PP e do PSD como principais partidos nesse campo de centro-direita”, disse Rennó.
Com informações do Estadão, G1 e Folha de S. Paulo