
O pré-candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin (PSB) é um dos principais articuladores do diálogo com militares. O intuito é garantir que o resultado das urnas seja respeitado e que o candidato escolhido pela população tenha garantido o direito de tomar posse, ao contrário do que ameaça o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na chapa encabeçada por Lula (PT), Alckmin é uma peça chave em setores que estreitaram relações com o bolsonarismo nos últimos anos.
Além de Alckmin, os ex-ministros da Defesa Nelson Jobim, Jaques Wagner (PT-BA), hoje senador, e Celso Amorim, também integram a equipe que vai estabelecer conversas com setores do Exército. A pauta principal é o momento pós-eleição.
A equipe do ex-presidente Lula tem sondado a cúpula do Exército para saber se, caso o petista seja eleito, conseguirá tomar posse. Como resposta, as Forças Armadas afirmam que nenhuma iniciativa fora da democracia terá apoio dos militares.
Geraldo Alckmin é central nesta ponte com os militares, pois, com mais de uma década à frente do governo do estado de São Paulo, ele possui boas relações com a Polícia Militar e também com generais.
Outra figura que está no grupo que tem dialogado com os militares é o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Temer (2016-2018) Aloysio Nunes Ferreira, que recentemente declarou apoio à candidatura de Lula.
Nunes declarou ao Estadão que, caso Lula volte a ocupar o Palácio do Planalto, não haverá conflito com os militares. “Ele prestigiou muito as Forças Armadas, a estratégia nacional de Defesa, o Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), teve bons comandantes. Não acredito que tenha maiores problemas”, disse Nunes.
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Somar forças
Alckmin tem trabalhado ativamente para somar forças à pré-campanha. Nesta sexta-feira (10), ele deve participar de agenda em Minas Gerais com Lula e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSB), pré-candidato ao governo mineiro.
Alckmin também deve se encontrar com empresários do setor de etanol, cooperativas de laticínio e representantes do setor agroindustrial, além de lideranças democráticas de Minas.
A aposta é trazer esses setores, que em grande parte também se aproximou do bolsonarismo, para a defesa da pauta de competividade e desburocratização.
No Rio, ele também deve se encontrar com associações de empresários nos próximos dias.
Chapa Lula-Alckmin
Durante o lançamento da chapa para concorrer à presidência da República, no último dia 07, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), esteva com covid – e por isso afastado das festividades; mas não deixou de marcar sua presença no evento.
Em discurso, feito por vídeo-transmissão, Alckmin reafirmou a importância da união com o ex-presidente Lula (PT).
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“Até o final dessa missão, nós, presidente Lula, nós vamos estar juntos, apoiando e defendendo o seu governo, até que o seu trabalho tenha sido completamente realizado. Porque é disso que o Brasil precisa. E é essa a missão que determina a nossa aliança”, proclamou.
Com Marcelo Hailer