
Foto: Humberto Pradera
Na série especial #ElasQueLutam, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, celebrado no dia 8 de março, o Socialismo Criativo entrevistou a Secretária-Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Thaisa Daiane Silva, que junto com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), luta pela sucessão rural – para deter o declínio do processo sucessório em função da saída do jovem do campo e a migração aos centros urbanos, em busca de melhores condições econômicas e sociais, e a falta de políticas públicas diretamente a este público – tanto no campo como no movimento sindical de trabalhadoras e trabalhadores do campo.
Agricultora familiar, mãe e dirigente sindical, Thaisa nasceu em Naviraí, Mato Grosso do Sul, e desde a sua adolescência acompanhava sua mãe nas reuniões do acampamento das famílias e na luta pela terra. Em 2008, depois de casada, sua família foi assentada no município de Jaraguari-MS, produzindo por mais de 5 anos hortifrutigranjeiros para vender na CEASA e em feiras.
Além do trabalho no sítio, ela se formou como assistente social e em 2015 foi eleita Secretária da Mulher na Federação dos Trabalhadores na Agricultura em Mato Grosso (Fetagri-MS), mas atualmente atua com os jovens na federação.
“Temos um grande desafio para levar para a juventude dentro dos sindicatos. E a nossa luta é pela sucessão rural, tanto no campo como no movimento sindical de trabalhadoras e trabalhadores rurais”, afirma.
Em 2017, Thaisa foi indicada pela federação estadual para fazer parte da nova diretoria da Contag, onde foi eleita como Secretária Geral, seu mandato acaba em abril deste ano.
“Foi uma grande oportunidade para eu conhecer melhor as diversidades das agricultoras e agricultores familiares de todo o Brasil. E dar também a minha contribuição para o movimento sindical de trabalhadores e trabalhadores rurais”, disse ao Socialismo Criativo.
A luta das mulheres e trabalhadoras rurais
Acompanhando de perto toda a luta do campo, Thaisa afirma que a luta conjunta de homens e mulheres do campo já assentou milhares de famílias, mas ainda há muito o que conquistar. Ela ressalta que nos últimos anos houve muito retrocesso e a agricultura familiar sofre com a falta de orçamento.
Sob o comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ela vê uma escalada das violações de direitos humanos contra os sem-terra. Desde que tomou posse, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vem realizando inúmeras tentativas de suspender a reforma agrária no Brasil.
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Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) voltou a questionar o Incra sobre a paralisação de 413 processos. Por meio de ofício enviado ao órgão no dia 5 do mês passado, o procurador federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), Carlos Alberto Vilhena, quer saber também sobre a previsão de elaboração de um novo Plano Nacional de Reforma Agrária, as metas institucionais para a retomada da obtenção de terras, assistência técnica rural, educação no campo e regularização fundiária, bem como o orçamento destinado a cada uma dessas políticas.
Contra o governo negacionista e omisso, Thaisa afirma que irá fazer grave de fome no Dia Internacional da Mulher. Seu protesto também será direcionado aos impactos causados pela pandemia de Covid-19 e em respeito as famílias dos mais de 250 mil mortos pelo vírus.
“Eu aderi à greve de fome no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em solidariedade às famílias dos mais de 250 mil mortos pela Covid-19 em todo o Brasil, pela campanha da Vacina Para Todos, pelo auxílio emergencial e em protesto contra o governo Bolsonaro, que muito pouco tem feito para amenizar esses graves problemas”, afirma.