Criatividade, Tecnologia e Desenvolvimento
Os Governadores do PSB e visão socialista da Economia Criativa. Embora ainda sem uma definição estratégica comum, os governos estaduais dirigidos por socialistas desenvolveram atividades que certamente se somarão a uma perspectiva socialista de inovação e economia criativa.
Para quem acreditava que as economias mundiais estariam sustentadas apenas em grandes indústrias, temos uma notícia: a Economia Criativa ocupa cada vez mais espaços. Os mercados que assumem como principal matéria-prima as ideias estão em franca expansão: desenvolvimento de aplicativos para mobile, escritórios com estruturas compartilhadas, investimentos em sustentabilidade, web design, entre tantas outras áreas alimentadas pela inventividade.
As inovações na forma de perceber os ambientes e suas necessidades apresentam a potência do capital intangível. Nesse cenário, governos do PSB 40 têm contribuído com investimentos diretos e indiretos, legando terreno fértil a estados como Paraíba, Pernambuco, Rondônia e São Paulo e ao Distrito Federal.
Começando a romper barreiras de modelos de gestão que olham para, apenas, um sentido, governadores como Ricardo Coutinho (PB), Paulo Câmara (PE), Daniel Pereira (RO), Márcio França (SP) e Rodrigo Rollemberg (DF) atentam às estruturas basilares de qualquer comunidade: o patrimônio humano.
Vemos, em cada um desses estados, seus traços de identidade emergindo no direcionamento consciente de uma economia com valores social e tecnológico, histórico e, ao mesmo tempo, contemporâneo.
Pernambuco
No Nordeste, um dos destaques é o Porto Digital, um parque tecnólgico e de convergência de inovação e Economia Criativa. É um dos principais do Brasil. No âmbito de seus trabalhos de desenvolvimento de softwares e dos serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), encontramos os segmentos música, fotografia, design, tecnologias urbanas, games e a área de cine-vídeo-animação.
O Porto Digital segue o modelo de desenvolvimento de tripla hélice: parceria entre o Governo do Estado de Pernambuco, instituições de pesquisa e empresas do setor privado. A convergência dessas três colunas fortalece o alcance de resultados do projeto, porque engloba todas as suas etapas, desde as primeiras propostas de realização até outra extremidade, de negócios, comercializações.
São nove mil pessoas trabalhando no Porto Digital, que reúne 300 instituições, entre os setores público, privados e de inovação. Em 2017, o faturamento das empresas envolvidas aproximou-se de R$ 1,7 bilhão. Diante dos bons resultados, o Porto Digital recebeu o selo de Indicação de Procedência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Essa foi a primeira vez, no mundo, que uma empresa na área de serviços e inovação conquistou tal reconhecimento, que tem peso internacional e garante qualidade do que é produzido.
O parque está localizado no Centro Histórico do Recife, nos bairros do Recife, Santo Amaro, Santo Antônio e São José, que foram sendo requalificados, com a chegada do Porto Digital. Suas instalações e sua expansão foram defendidas e fortalecidas por Eduardo Campos (1965-2014), quando ministro da Ciência e Tecnologia e quando governador de Pernambuco por duas gestões. Além das instalações em Recife, há, também, uma unidade avançada do Porto em Caruaru, no Agreste Pernambucano.
Outra iniciativa em Pernambuco é o “Programa Pernambuco Criativo”, que injeta ânimo na Economia Criativa através de ações como atividades formativas, workshops, oficinas e palestras oferecidas à população pernambucana – sempre com acesso gratuito –, respaldando a potência imaterial do estado do maracatu, do bolo-de-rolo e das cirandas.
A iniciativa é desenvolvida a partir de um convênio entre o Governo do Estado de Pernambuco, através da Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Ministério da Cultura (Minc) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Em sua extensão, o programa agrega o Observatório de Cultura de Pernambuco (OCUPE), coordenado por professores da universidade, que desenvolvem pesquisas tendo como eixo, necessariamente, a Economia Criativa. Trabalhando alinhados à proposta do intangível, os agentes e produtores culturais são o público-alvo dos pesquisadores, que tornam os resultados acessíveis por meio da Revista do Observatório de Cultura de Pernambuco, a REOCUPE.
Através do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE), o Governo do Estado, comandado por Paulo Câmara, incentiva a manutenção de produções culturais através de seleções democráticas feitas a partir de editais públicos. Os projetos apresentados passam por uma análise de técnicos, que reúnem repertórios que abarcam as expressões locais e as possibilidades de novas manifestações de arte.
Pensar no perfil desses profissionais e nas suas possíveis capacitações e formações continuadas está no âmbito da Economia Criativa, porque é investimento para potencialização do intangível, ou seja, de bens e produtos não fiscais, imateriais. O Funcultura tem diretrizes para avaliação de projetos estabelecidas em conjunto em conferências estaduais de cultura.
Paraíba
Ainda no eixo litoral-sertão nordestino, a Paraíba tem evidência. Em 2017, sua capital, João Pessoa, foi uma das três cidades brasileiras a entrar na Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco. A categoria foi Artesanato e Artes Folclóricas. Diante de um Brasil tão diverso em tradições e concorrendo com cidades de mais de 70 países, ser contemplada é um importante reconhecimento.
O Governo do Estado, sob gestão de Ricardo Coutinho, já havia percebido a necessidade da valorização desse campo rico e fértil que é a Paraíba. Lançou, por isso, em 2015, a linha de crédito Empreender Cultural, viabilizando, de forma direta, a execução de projetos de Economia Criativa.
O fomento, disponibilizado pela Secretaria de Estado da Cultura (SecultPB), é uma das nove linhas de crédito do Programa de Apoio ao Empreendedorismo na Paraíba (Empreender-PB) e estimula negócios em áreas como da produção musical, artes visuais e audiovisual, oportunizando aquisição de figurinos, de instrumentos musicais, de equipamentos de luz, entre outros.
E onde podemos perceber esses alcances? Por exemplo: Expressões artísticas arraigadas à cultura local, como o Forró e o São João de Campina Grande, agregam valor nos movimentos econômicos. Quantos serviços e produtos podem ser oferecidos tendo como referência esses dois patrimônios imateriais da Paraíba? A Economia Criativa passa, também, por isso abarcando sempre os potenciais do intangível.
Brasília
Outra a entrar na Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco está no Centro-Oeste: Brasília, no Distrito Federal. Para além de sua funcionalidade administrativa, a cidade é evidenciada por ter sido construída a partir dos traços da arte arquitetônica de Oscar Niemeyer.
E foi justamente Design a categoria de seu título, colocando a capital federal em um seleto grupo que reúne, entre outras, Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Cidade do México, no México. O reconhecimento da Unesco favorece uma rede de compartilhamentos de estratégias e de conhecimentos acerca dos mercados de cultura e inovação, o que, dentro do própria proposta de Economia Criativa, é uma estratégia que potencializa a inventividade.
Na capital das Inovações, o Governador Rodrigo Rollembeg lançou, em 2015, o programa “Brasília Solar”, um projeto sustentável de uso de energia alternativa, que gera menos impacto ambiental. Equipamentos fotovoltaicos instalados em escolas e prédios públicos diminuem, ainda, os gastos públicos com energia convencional. Em uma ação como essa, além do resultado positivo para a natureza, gera mão-de-obra para os diversos segmentos da cadeia produtiva e sua consequente capacitação para suprir a demanda.
Com uma população de 3 milhões de pessoas, também foram planejadas estratégias de comunicação para divulgar a importância do uso de energia limpa. O Governo do Distrito Federal considera atrair parcerias nacionais e internacionais para investimentos na área.
Rondônia
Em Rondônia, os debates sobre Economia Criativa estão auxiliando na formatação dos conceitos acerca da identidade local alinhada aos campos de investimento. Um dos focos do governador Daniel Pereira está no desenvolvimento turístico.
A Superintendência Estadual de Turismo (Setur) iniciou os trabalhos de mapeamentos de bens culturais imóveis e imateriais e de patrimônios naturais com o objetivo de propor salvaguardas, como forma de preservar a identidade rondoniense e de agregar valor para formação de demanda do turismo.
A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com seus 366 km entre a capital, Porto Velho, Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia, oferece um passeio de experiência ímpar ao fazer uma travessia em plena Floresta Amazônica.
Uma das ações de Economia Criativa atraídas para o estado é a Campus Party (CPRondônia), o mais relevante evento da área de tecnologia realizado, hoje, no Brasil. A edição Rondônia será promovida na primeira semana de agosto deste ano e abordará suas zonas principais: Inovação, Criatividade, Ciência e Entretenimento Digital.
São Paulo
Por ter como capital a maior cidade do país, São Paulo já traz inúmeros valores agregados. A marcada presença de pessoas oriundas de todas as regiões do Brasil e de outros lugares do mundo transformou o estado em um caldeirão em constante ebulição de ideias, de novos movimentos, de criatividade.
Como iniciativa pública, seu atual governador, Márcio França, quando esteve secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, criou a Escola de Técnicas de Economia Criativa (ETECRI), um modelo diferenciado de oferta de cursos técnicos.
O inusitado das escolas está, exatamente, no espírito da proposta didática: a preparação formal para profissionais com perfil peculiar. Cursos de áreas de tecnologia e inovação, gastronomia, design e arte urbana estão entre os oferecidos pela escola. Além da certificação de técnico em determinada área, o aluno tem a formalização de um CNPJ de Microempreendedor Individual (MEI) e um plano de negócios pronto para prospecção de investimentos.
Essas escolas de Técnicas de Economia Criativa integram o Plano Estratégico da Economia Criativa de São Paulo, também elaborado na época em que Márcio era o secretário de Desenvolvimento Ciência Tecnologia e inovação, pela Fundação Vanzolini e coordenado pelo Instituto Pensar.
Neste breve levantamento de alguns projetos e iniciativas de governadores do PSB 40 para a Economia Criativa, temos exemplos de diferentes possibilidades de elaboração de propostas inclusivas, desenvolvidas por setores públicos ou em parceria com outros setores, que podem estimular – e, em alguns casos, devolver – a autonomia aos mais diversos mercados de cultura, consumo, mídias e tecnologias; de bens e de serviços. É uma forma de gestão que tem como consequência um maior equilíbrio social, tendência crescente em grandes centros do mundo.
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