
Diante da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19, investidores que possuem dívidas com vencimento próximo se preparam para realizar negociações delicadas com seus devedores. Ao que tudo indica, as negociações serão ainda mais sensíveis se o devedor for o presidente dos Estados Unidos.
De acordo com declarações financeiras enviadas ao governo e outros documentos, a dívida estimada de Donald Trump chega a USS 1,1 bilhão, o equivalente a R$ 6,3 bilhões, na cotação atual. O montante está vinculado a ativos imobiliários, em sua maioria ligados a um número pequeno de edifícios e campos de golfe que formam o núcleo do império empresarial Trump.
Dívidas no próximo mandato
O mais preocupante, no entanto, é que cerca de US$ 900 milhões (R$ 5,1 bi) dessa dívida vencerá durante o possível segundo mandato de Trump, caso ele seja o vencedor da eleição presidencial do próximo dia 3 de novembro.
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No papel, Trump não está fortemente endividado: sua fortuna líquida foi estimada pela Forbes em US$ 2,5 bilhões (R$ 14,3 bi). Mas a economia continua em situação precária, e, se houver pressão para que suas dívidas sejam pagas, ele pode jogar duro com seus credores, como já fez no passado.
Risco de falência?
A situação se torna mais premente para o presidente americano porque sua fonte principal de receita nos últimos anos – seu trabalho na televisão – “está secando”, segundo investigação do New York Times.
Citando as declarações feitas pelo presidente ao fisco, o principal jornal norte-americano disse também que boa parte dessa receita foi investida em campos de golfe que são deficitários. Assim, embora o presidente seja rico em ativos, não está claro a quanto dinheiro líquido ele tem acesso. A Organização Trump se negou a comentar.
Trump amortece fracassos, diz NYT
A dias das eleições, Trump ainda vem enfrentando outros escândalos ligados ao seu nome. Registros de imposto de renda do presidente americano também obtidos pelo New York Times e divulgados na última terça-feira (27), mostram que Trump teve mais de US$ 287 milhões em dívidas perdoadas desde 2010. A grande maioria delas relacionada ao projeto de um prédio de 92 andares em Chicago, o Trump International Hotel & Tower.
Segundo a reportagem, o empreendimento encontrou problemas financeiros, com atraso na construção e dificuldade de vender os espaços disponíveis, mas os devedores não só deram mais tempo para Trump pagar a dívida como emprestaram mais dinheiro depois. Ainda assim, foram processados pelo presidente dos EUA.
Para o jornal, a experiência em Chicago é o exemplo mais recente “da capacidade de Trump de estreitar laços com instituições financeiras e explorar o código tributário americano para amortecer o golpe de seus repetidos fracassos nos negócios”.
Com informações da Folha e G1