
Depois de denunciar um grupo de hackers identificados por símbolos nazistas que invadiu um seminário online, o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, vem sendo alvo de uma série de intimidações e ameaças que deixam clara a participação dos mesmos criminosos.
Durante o evento ‘Diálogos para enfrentar as desinformações, notícias falsas e discurso de ódio nas eleições municipais’, realizado no último dia 15 de outubro, a transmissão foi interrompida por um grupo identificado como “B… do J…”. Os hackers, que usavam nomes femininos, exibiram suásticas, marchas e saudações nazistas, também queimaram a bandeira LGBTI+. Após o ataque, a Aliança registrou Boletins de Ocorrência nas Polícias Civis de Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, além de pedir providências à Polícia Federal e ao Ministério Público.
No entanto, na madrugada do último domingo (18), entre 3h30 e 4h30 da manhã, houve três tentativas seguidas de entrega de encomendas na residência de Toni Reis, em Curitiba, sem que ele tivesse realizado qualquer pedido. Os entregadores pediram para falar com Ana e com Samira. Por volta do meio-dia do mesmo domingo, um quarto pedido não solicitado foi entregue na mesma residência. Desta vez, o entregador ligou para Reis e disse “a senha é J…” – em referência ao nome do grupo de invasores.
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Em contato com a gerente do estabelecimento, ela apenas informou que os pedidos estavam sendo feitos pela internet e que o último, com o nome e endereço completos de Reis e o número do seu celular, veio acompanhado de uma instrução: “Eu estou sendo ameaçado de morte, para eu ter certeza que é o entregador, bata na porta três vezes e fale a senha ‘J…’”. Por volta das 17 horas, a gerente do restaurante afirmou que mais um pedido havia sido feito em nome do presidente. À noite, Reis recebeu um e-mail com a mesma identificação – “J”, com a pergunta: “Você gosta mais de whisky ou pizza?”.
Nesta segunda-feira (19), Toni Reis registrou novo Boletim de Ocorrência no Núcleo de Combate aos Cibercrimes da Polícia Civil em Curitiba.
“Não tenho medo. Já tivemos uma experiência anterior de ameaças de morte e intimidações que começaram em 2012 e duraram quase três anos. Com o trabalho integrado da Polícia Federal e da Polícia Civil, o perpetrador foi identificado e já foi condenado na justiça. Estamos empregando os protocolos de segurança recomendados em nossas residências, nossa organização e mídias sociais. Aos entregadores da iFood, nossa solidariedade. Aos responsáveis pelos restaurantes, sugerimos que confirmem os pedidos primeiro antes de preparar e entregar a encomenda. Seria importante também fazer o registro do IP de onde estão sendo feitos os pedidos. Vamos continuar nosso trabalho de promoção e defesa dos direitos humanos da população LGBVTI+, agora com ainda mais afinco.”
O Seminário, interrompido pela invasão, vai ser transmitido novamente no Facebook da Aliança Nacional LGBTI+, do Grupo Arco Íris, do Grupo Dignidade e da Associação da Parada LGBT de São Paulo, e também no canal do Youtube da Aliança Nacional LGBTI+ e da Associação da Parada LGBT de São Paulo.