
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta quarta-feira (14), o depoimento de Emanuela Medrades, diretora da Precisa Medicamentos. Questionada por vários senadores, a depoente negou que tenha sido ofertada Covaxin ao custo de U$ 10 pela Precisa ou pela Bharat Biotech ao Ministério da Saúde.
Ela desmentiu parte de ata de reunião, cedida pelo ministério à comissão, dando conta de que a vacina teria esse custo. A depoente afirmou que sempre negociou o produto a um custo mais barato para o Brasil e que, embora a Precisa tenha recebido oferta de U$ 18 dólares por dose, a empresa nem sequer repassou essa proposta ao governo. Segundo Emanuela, o preço final negociado em janeiro ficou em U$ 15 por dose, já inclusos impostos, frete e riscos relacionados.
Pazuello não participou de negociação com a Precisa, diz Emanuela
A diretora da Precisa informou que não participou de nenhuma reunião com Eduardo Pazuello e que o ex-ministro da Saúde não interferiu nas tratativas de assinatura de contrato com a Bharat Biotech. Emanuela disse ter tido contato com mais de 30 servidores do ministério e esclareceu que o ex-secretário-executivo Élcio Franco tinha a responsabilidade de fazer as aquisições não só da Covaxin, mas de outros imunizantes. Com Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística, ela informou que esteve reunida no fim de maio para tratar da segunda tentativa de pedido de autorização excepcional da vacina.
Também está previsto do depoimento de sócio-administrador da empresa, Francisco Emerson Maximiano. Investigados pela comissão, ambos conseguiram no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de ficarem calados nos depoimentos.
‘Quem definiu preço da vacina foi a Bharat’, afirma diretora da Precisa
A representante da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, disse que o preço de U$ 15 por dose na compra das vacinas Covaxin atende à precificação da Bharat Biotech, empresa que a produz. Em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), ela ainda afirmou que a precificação da Bharat é “pública”.
Na pergunta, Renan havia questionado o fato de as vacinas Covaxin serem mais caras que as compradas da Pfizer e da Coronavac, que custaram U$ 10. Emanuela sustentou que a negociação com a Precisa, que intermediou a compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde, foi mais rápida porque a empresa não pediu mudanças contratuais. Por fim, ela informou que tanto o ministério quanto a Precisa tentaram diminuir o preço das vacinas e disse que enviará à comissão os e-mails da negociação.
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STF decide que depoentes podem ficar calados na CPI
A decisão da Suprema Corte levou a CPI a pedir explicação sobre o alcance da decisão e o depoimento de Emanuela acabou não ocorrendo nesta terça-feira (13). O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), atendeu ao pedido de adiamento feito pela diretora da Precisa, que alegou estar “exausta”.
A Precisa é responsável por um contrato com o Ministério da Saúde para aquisição da vacina indiana Covaxin, da Bharat Biotech, que não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Irmãos Miranda indicaram suspeitas à CPI
Em depoimento à CPI, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, que é servidor concursado do Ministério da Saúde, indicaram suspeitas de irregularidades envolvendo a compra dessa vacina.
Segundo o depoimento de ambos os irmãos, Luis Ricardo foi pressionado por seus superiores no Ministério da Fazenda a agilizar a compra da Covaxin fazendo o pagamento de uma fatura referente à negociação que continha várias irregularidades. O deputado, por sua vez, revelou ter levado o fato ao conhecimento do presidente da República, Jair Bolsonaro, o qual teria mencionado o nome do líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Com informações da Agência Senado