
Em coletiva de imprensa concedida na tarde desta segunda-feira (9), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou que estão sendo tomadas todas as providências para a normalização do país após os atos golpistas causados por terroristas apoiadores do ex-presidente Bolsonaro em Brasília no domingo (8).
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O ministro estava acompanhado pelo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, e pelo diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando Souza Oliveira. “Nosso país caminha para a normalização do estado institucional, com plena tranquilidade”, destacou.
Dino relatou que foi recebida a colaboração de governadores de 10 Estados, que enviaram tropas para apoio à Força Nacional. O ministro estimou, aproximadamente, 500 homens a mais à disposição da forças de segurança na capital federal.
“Estamos tomando providências complementares para que essa tendência positiva se mantenha”, emendou.
O ministro afirmou também que foram realizadas perícias nos locais destruídos, visando a instituição dos inquéritos e a responsabilização dos responsáveis pelo vandalismo. Segundo ele, os dados serão enviados para Advocacia-Geral da União (AGU).
“Neste momento, estão sendo ouvidas aproximadamente 1,2 mil pessoas. Totalizando quase 1,5 mil detenções”, completou.
Foi relatado ainda pelo ministro que as forças de inteligência já receberam mais de 13 mil e-mails com denúncias contra manifestantes golpistas e financiadores dos atos. “Nós vivenciamos ontem um conjunto de crimes. Vivemos o crime de golpe de Estado, crimes de dano qualificado, associação criminosa e lesões corporais. Este conjunto de crimes faz com que hajam múltiplas possibilidades de punição”, ressaltou.
Dino: “Brasil viveu seu Capitólio”
Flávio Dino afirmou também que o Brasil viveu seu “Capitólio” no último domingo com os ataques terroristas nas sedes dos poderes. O ministro relembrou o extremismo bolsonarista nas redes sociais. “O discurso se transformou em bombas e tiros (…). Palavras têm poder. E essas palavras se transformaram em ódio e se transformaram em destruição”.
Segundo o ministro, “Deus abençoou o Brasil ontem, porque não tivemos um morto, apesar da irresponsabilidade dos que instigaram”.
Todavia, o integrante do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a situação com a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.
“Vivemos ontem o capitólio brasileiro. Com duas diferenças: não morreu ninguém aqui e temos mais presos do que lá, muito mais rápido”.
Naquela ocasião, eleitores radicais do ex-presidente americano Donald Trump alegaram fraude nas urnas após a vitória do democrata Joe Biden e tentaram tomar o Congresso. Os protestos deixaram cinco mortos — quatro manifestantes e um policial.
No Brasil, conforme Flávio Dino, 40 ônibus foram apreendidos nos arredores de Brasília. Em um deles, pessoas estavam armadas.
Ainda segundo o ministro, 209 pessoas foram presas em flagrante no domingo e no momento 1,5 mil pessoas estão detidas no quartel-geral do Exército.