
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, definido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2007 e, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação e Ciência e a Cultura (Unesco) desde 2012, o frevo possui dois aniversários. Um deles é o dia 9 de fevereiro, data em que, em 1908, o termo foi utilizado pela primeira vez pelo extinto jornal “Pequeno”, que circulava em Recife, Pernambuco.
Símbolo do Carnaval não só em em seu estado de origem, como em quase todas as festas que acontecem na época em todo o país este ano, em razão da pandemia da Covid-19, o ritmo terá comemorações mais discretas e shows, em sua maioria, virtuais.
Em post publicado em seu Instagram, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB-PE), destacou a data e a importância do frevo para a cultura, história e toda população de Recife e também lamentou o cancelamento das festividades.
“Este ano, a gente vai sentir aquela saudade de ver o colorido e a alegria das pessoas embaladas pelo Frevo nas nossas ruas durante a tradição do Carnaval, mas esta saudade será compensada com vidas salvas. Tenho certeza de que daqui a pouco a gente vai voltar a celebrar esse ritmo que é tão nosso e que encanta o mundo”, escreveu Câmara.
Por meio do Twitter e, em live realizada em seu perfil do Instagran, o prefeito João Campos (PSB-PE), celebrou a data divulgando o Auxílio Municipal Emergencial (AME), montante de R$ 4 milhões, que será distribuído entre todas as agremiações e atrações que se apresentaram na programação montada pela Prefeitura no Carnaval de 2020.
“Hoje, no Dia do Frevo, estamos anunciando uma ação pra cuidar de quem faz o nosso frevo e quem leva adiante, com muita paixão, tantas outras expressões da nossa cultura musical tão rica”, afirmou o prefeito.
História do Frevo
O nome teve origem no verbo “ferver”, que traduzia corretamente o frenesi causado pela música. Na linguagem popular, virou “frever” e daí, o frevo. A dança se originou na rivalidade entre bandas militares e seus poderosos metais e os escravos recém-libertos, que da união da capoeira com ritmos e passos de maxixe, dobrado, polca, quadrilha e, marcha, criaram o que conhecemos hoje como uma das maiores manifestações culturais brasileiras.
Em entrevista concedida ao podcast Mosaico Cultural, da rádio Brasil de Fato, a historiadora e pesquisadora Carmen Lélis, destacou que ao longo da história a participação dos negros nesta construção foi minimizada para que o ritmo fosse aceito como símbolo da cultura popular.
“A gente não tem o hábito de colocar a negritude do frevo. Ele foi ‘branqueado’ para depois servir como identidade nossa, pelas classes dominantes. Hoje ele volta a buscar nas suas bases a relação do capoeira. Essa população que estava nas ruas nesse momento de formação social era basicamente negra”, afirmou Lélis.
Segundo ela, as mulheres também tiveram sua participação apagada na história.
“Hoje, a documentação começa a trabalhar nisso e a mostrar que você tem a presença feminina forte, embora sido dito que não”, comenta.
Além do dia 9 de fevereiro, nacionalmente, o frevo é homenageado em 14 de setembro, aniversário de Osvaldo da Silva Almeida, jornalista que batizou a cadência há 113 anos.
Entre suas variações estão o frevo-de-rua, dançante e o som oficial do Carnaval pernambucano; o frevo-de-bloco, executado por orquestra de pau e corda, principalmente, nos blocos líricos; e o frevo-canção, mais lento e cantado.