
O deputado estadual por São Paulo, o socialista Barros Munhoz (PSB), foi um dos poucos parlamentares a contestar a punição dada pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) ao também deputado Fernando Cury (Cidadania) no caso do assédio praticado contra a colega Isa Penna (PSOL).
Diante do abrandamento da pena atribuída ao membro do Cidadania, Munhoz classificou a decisão como uma espécie de licença-prêmio, a “mais burra” que ele viu em 40 anos no legislativo paulista. Cury foi filmado apalpando a deputada psolista durante uma sessão da Alesp em dezembro de 2020. Barros Munhoz defendia a proposta de seis meses apresentada pelo relator do caso, o petista Emídio de Souza (PT).
Votaram pelo abrandamento da punição os deputados Wellington Moura (Republicanos), Alex de Madureira (PSD), Adalberto Freitas (PSL), Delegado Olim (PP) e Estevam Galvão (DEM). À coluna Painel, na Folha de São Paulo, Olim disse que foi uma “boa pena”.
Munhoz, por sua vez, diz que a decisão terá duas consequências. A primeira, destruir politicamente o deputado Fernando Cury. A segunda, explica, será jogar “mais lama ainda no nome” da Alesp.
“Estamos nos equiparando, com essa decisão, aos piores parlamentos do Brasil, que têm dados exemplos vergonhosos que tanto revoltam a população”, diz o deputado.
O parlamentar cita ainda um terceiro efeito da pena mais branda aprovada. Segundo ele, no Plenário, ela será derrotada.
“Vão perder e perder feio no Plenário, não adiantou nada. Prejudicou a situação do moço”, afirma.
Caso Isa Penna
Flagrado pela câmeras da TV da Assembleia, as imagens gravadas em 17 de dezembro de 2020 mostram o momento em que a deputada Isa Penna conversava com o presidente Cauê Macris (PSDB), apoiada no balcão do Plenário, quando Cury se aproxima por trás dela. Nas cenas, Isa Penna reage e afasta o deputado com as mãos. Ele, então, põe a mão sobre o ombro da deputada, que reage novamente. Os dois gesticulam e conversam com o presidente por alguns minutos, até que Cury se afasta.
“Eu estava de costas, só senti a mão dele escorregar na minha lateral. No momento em que eu senti, virei e falei para ele: ‘Quem você acha que você é? Você está louco? Passar a mão em mim assim?’ E empurrei, tirei a mão dele”, relatou Penna ao UOL.
Ativista feminista e militante contra a violência à mulher, a deputada diz ter se sentido violada. Segundo ela, um grupo de deputados estava bebendo antes do início da sessão. Cury, de acordo com a parlamentar, “estava com muito bafo de uísque”.
Depois que ela o afastou, conta, o deputado fez “cara de mal entendido” e pediu desculpas. Mas, pouco depois, diz a deputada, Cury e outros parlamentares estavam “rindo do assunto”.