
O deputado federal pelo Rio de Janeiro e integrante da executiva nacional do PSL, Felício Laterça, publicou um vídeo em sua rede social no qual afirma que Daniel Silveira (PSL-RJ) gravou, sem permissão, conversas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Laterça confirmou que Silveira “era um gravador ambulante”. Segundo o parlamentar, o bolsonarista, um dos mais fieis aliados do clã Bolsonaro, também o procurou para “facilitar a vida de empresas” e “ganhar dinheiro na boa”, em atos de corrupção.
As supostas gravações teriam ocorrido em 2019, segundo Laterça. O deputado disse não saber detalhes como e em que local Silveira gravou Bolsonaro. Afirmou, ainda, que não chegou a ouvir os áudios.
“Pelo jeito dele agir, ele gravava os deputados. Disse que gravou conversa com o deputado Rodrigo Maia e outros deputados da base. Ele gravava as pessoas com as quais tinha divergência, começava a puxar assunto para ter algo em troca, acredito eu”, observou.
Laterça disse ainda que Silveira sugeriu que procurassem empresas em busca de vantagens e que usassem emendas parlamentares para “devolver grana”.
“Quando ele me fez a oferta, de repente, estava me gravando para saber qual era a minha posição. Ele veio (dizendo) ‘Rapaz, isso aqui tem como a gente ganhar dinheiro, mas ganhar dinheiro na boa’. Eu falei ‘Como ganhar dinheiro na boa?’. (Ele disse) ‘Não, procurar umas empresas…’”, contou o parlamentar. “Eu apelidei isso de troco na troca. Deputados que colocam emenda em determinados lugares para que o gestor, por meio da corrupção, devolve parte do recurso público e ele também se enriquece indevidamente. Ele fez esse tipo de proposta. Não sei se estava me gravando para ter algo contra mim.”
Laterça disse que decidiu vir a público depois que a Câmara manteve Silveira preso, para mostrar que ele não é “coitadinho” e para revelar o “caráter” do bolsonarista. O parlamentar defende que o Conselho de Ética da Câmara, ao ser reativado nesta terça-feira (23), casse o mandato do colega de partido.
Gravações dentro do PSL
Desde que Bolsonaro saiu do PSL, a bancada se mantêm dividida entre parlamentares bolsonaristas, como Daniel Silveira, e o grupo que apoia os posicionamentos do presidente do partido Luciano Bivar (PE). Em outubro de 2019, Silveira gravou e vazou áudios de uma reunião com bate-boca na bancada.
Na ocasião, o então líder, Delegado Waldir (PSL-GO), ameaçou “implodir” o presidente Bolsonaro e o chamou de “vagabundo”. Silveira disse ter agido para blindar o governo.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo