
Deputado estadual de Minas Gerais, o socialista Bernardo Mucida (PSB) alerta que é preciso olhar para as tragédias invisíveis que se abatem sobre a população. Muitas plenamente evitáveis, como os crimes de Brumadinho, que teve 372 mortos com o rompimento de uma barragem da Vale, e a de Mariana, que além das mortes causadas pela lama, destruiu o Rio Doce.
Pré-candidato à reeleição para a Assembleia Legislativa de Minas, Mucida contou ao Socialismo Criativo, durante o XV Congresso Nacional do PSB, que é Itabira, cidade berço da Vale, e que vive, junto ao medo de novos rompimentos de barragens, a dependência econômica da mineração.
“Em Itabira temos 16 barragens, uma com 220 milhões de metros cúbicos [de água e rejeitos] e, a outra, com 240 milhões de metros cúbicos. As duas estão acima da cidade. Para poder comparar, a barragem de Brumadinho tinha 12 milhões de metros cúbicos. É uma bomba relógio. Mas, somado a isso, temos uma dependência econômica profunda da indústria da mineração. Cerca de 25% do PIB do estado depende dessa indústria que precisa se reinventar, se adequar aos novos padrões internacionais”, alerta.
Em fevereiro, o parlamentar solicitou à Bolsa de Nova Iorque que cobre a Vale para que inclua em política de ESG a reparação de todos os territórios minerados, “não apenas os diretamente atingidos pelos dois crimes, mas também dos territórios deteriorados”.
ESG é a sigla em inglês que reúne as boas práticas das empresas nas áreas ambiental, social e de governança.
Reindustrialização e Autorreforma
Um outro problema apontado por Bernardo Mucida, também discutido pela Autorreforma, é a desindustrialização do país.
Na Autorreforma, o partido enfatiza a necessidade do desenvolvimento sustentável do país, que preserve o meio ambiente e utilize a tecnologia para reindustrializar o país, de modo a usar os recursos naturais de maneira inteligente.
Mucida cita a lei Kandir q isenta de tributação produtos exportados.
“Nosso minério é quase todo exportado. Se alguém uma indústria de ferro gusa, em Minas, por exemplo, e comprar o minério do Estado, vai pagar 18% de ICMS. Se for vender pra China, não tem essa tributação. O incentivo é pra que a gente venda o produto e o imposto não fique com a gente. No caso da mineração, com o agravante de um produto não renovável”, critica.
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Para ele, a Autorreforma do PSB acontece no momento oportuno para que, diante do cenário difícil que o país se encontra, buscar os caminhos para mudar o rumo do desenvolvimento, com o conceito de Indústria 4.0.
“Não adianta a gente ficar vendendo commodities. Nossa pauta de exportação em Minas é quase a mesma do século 19”, ressalta.
XV Congresso Nacional do PSB
Socialistas de todo o país se reuniram, em Brasília, para realizar o XV Congresso Nacional do PSB. Um grande evento onde foi aprovada a Autorreforma do partido, o novo Manifesto, que substitui o documento de 1947, e os nomes para compor a Executiva e o Diretório nacionais do partido.
Foram três dias de muito debate e decisões sobre o socialismo criativo defendido pelos socialistas para a construção de um plano nacional de desenvolvimento para o país, que preze pelo fim das desigualdades e pela defesa incansável da democracia.