
Aliado do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Leo Motta (PSL-MG) foi o primeiro congressista a apresentar representação à Mesa Diretora da Câmara contra a deputada Flordelis (PSD-RJ) “por atos incompatíveis com o decoro parlamentar”. No documento em que pede a perda do mandato de Flordelis, o parlamentar cita inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro que aponta a deputada como mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo de Souza.
Anderson foi executado com mais de 30 tiros na porta da casa do casal em Niterói (RJ). Leo Motta ressalta que a deputada Flordelis é uma das 11 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Como se trata de iniciativa individual de deputado, a representação terá de ser analisada pela Corregedoria e pela Mesa Diretora da Câmara. Apenas representações feitas por partido político são encaminhadas diretamente ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Flordelis exonera filhos
Nesta sexta-feira (28), Flordelis exonerou de seu gabinete dois de seus filhos presos na última segunda acusados da morte do pastor. Carlos Ubiraci Francisco da Silva e André Luiz de Oliveira eram secretários parlamentares desde o início do mandato da parlamentar, em fevereiro de 2019.
André ganhava R$ 15,6 mil e Carlos, R$ 14,6 mil, além de quase R$ 1 mil de auxílio. Ambos são filhos afetivos de Flordelis e foram acolhidos pela pastora no início dos anos 90, na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. Eles passaram a morar na casa da parlamentar quando já eram adolescentes e nunca foram formalmente adotados.
Esta semana a parlamentar também exonerou outro filho afetivo que trabalhava no gabinete, Paulo Victor Izidoro Vieira, que ganhava pouco menos de R$ 2 mil. No site da Câmara dos Deputados não consta a data da exoneração dos assessores.
Apesar das exonerações desta semana, Flordelis manteve trabalhando em seu gabinete o filho afetivo Gerson Conceição de Oliveira, que recebe R$ 15,6 mil como assessor parlamentar. Gerson é também pastor e permanece pregando na sede do Ministério Flordelis no Mutondo, em São Gonçalo, no Rio.
Gerson está sendo investigado pela Polícia Civil por participação na morte de Anderson. Esta semana, após a conclusão do segundo inquérito sobre o caso, no qual Flordelis, sete filhos e uma neta foram indiciados, o Ministério Público estadual pediu a abertura de uma nova investigação para continuar apurando o assassinato. Gerson e outras três pessoas são alvo desse inquérito.
Nepotismo e ‘rachadinha’
As investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo também identificaram indícios de nepotismo – prática pela qual um agente público usa de sua posição para nomear ou contratar parentes – no gabinete de Flordelis. Também há suspeitas da prática de rachadinha – quando parte do salário de um assessor fica com o político. As informações foram enviadas pela Polícia Civil do Rio para a Procuradoria Geral da República.
Depois do crime, em junho de 2019, ela disse que o marido foi vítima de um assalto frustrado. Após a apresentação da denúncia, seu advogado, Anderson Rollemberg, afirmou à imprensa: “A deputada está muito aborrecida e chateada com tudo que está ocorrendo porque tem com ela a inocência. Jamais foi mandante desse crime bárbaro.”
Com informações da Agência Câmara de Notícias e O Globo