
Por Henrique Rodrigues
A Agência oficial de notícias da Arábia Saudita divulgou que o presidente Jair Bolsonaro telefonou nesta sexta-feira (13) para o príncipe herdeiro do reino, Mohammed bin Salman, para tratar das relações bilaterais entre os dois países e apontar caminhos para uma agenda comum de desenvolvimento para as suas nações. O representante do país árabe teria ainda desejado boa saúde ao mandatário brasileiro, que esteve internado há um mês por conta de uma obstrução intestinal.
Mohammed bin Salman, o número dois da monarquia que governa com mão de ferro o país que é maior produtor de petróleo do mundo, é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, esquartejado no consulado saudita na Turquia, em 2018.
Investigações realizadas por diferentes autoridades da comunidade internacional revelaram que as ordens para a execução de Khashoggi teriam partido o príncipe herdeiro, que via no jornalista um dissidente após uma série de críticas ao governo saudita, de sua autoria, terem sido publicadas na imprensa dos Estados Unidos.
Jair Bolsonaro vem mantendo uma agenda de contatos internacionais controversa. Há algumas semanas ele recebeu a deputada alemã Beatrix von Storch, líder do partido radical de extrema direita AfD, que mantém notórias ligações com movimentos neonazistas. O encontro foi no Palácio do Planalto, sede do Executivo brasileiro, e despertou sérias críticas por parte de inúmeros setores da sociedade.
Bolsonaro e os neonazistas
O presidente recebeu, no Palácio do Planalto, no dia 26 de julho, Beatrix von Storch, a neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler (Johann Ludwig Schwerin von Krosigk) e filiada ao partido alemão ultradireitista de linha neonazista AfD (Alternativa para a Alemanha). O líder extremista aparece numa foto, sorridente, ao lado da mulher, em plena sede da chefia do Estado brasileiro.
Beatrix von Storch, que é deputada em seu país, já havia aparecido ao lado, durante visitas, da deputada radical Bia Kicis (PSL-DF) e do filho do presidente, o também deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na foto presidencial, um outro homem, identificado como seu marido, também aparece.
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AfD e o Nazismo
O partido AfD (acrônimo em alemão que significa ‘Alternativa para a Alemanha’) é uma organização ultrarradical que abriga os membros mais extremistas do espectro político daquele país. A sigla defende abertamente ideias xenofóbicas, racistas, segregacionistas e violentas. Seus principais alvos são os muçulmanos, mas ainda pode ser notado um vigoroso antissemitismo em suas fileiras.
Ainda que seus quadros tenham perdido força durante o período da pandemia, a AfD tem um bancada significativa no Bundestag, o parlamento federal da Alemanha, com 92 deputados de um total de 709 da câmara.
Segundo a imprensa alemã, seus membros nutrem simpatia pelo Nazismo e pela figura de Adolf Hitler, mas manifestações desse tipo são feitas de forma velada, muito por conta da forte reação que manifestações desse tipo produzem na sociedade germânica.
Muitos de seus membros já foram “expulsos” do partido quando exageraram nos elogios ao homem que promoveu a matança de seis milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial e ao seu regime. Há pouco mais de três meses, o Serviço Secreto da Alemanha colocou a AfD sob vigilância, por considerar suas atividades perigosas para a nação.