
Em depoimento à CPI da Pandemia no Senado nesta quinta-feira (8), a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato disse que se demitiu do cargo em razão da “politização da vacina pelo líder da Nação”, em alusão ao discurso negacionista de Jair Bolsonaro (sem partido).
“Quando a gente tem ciência, tem segurança no produto que a gente está usando. Quando resultados apontam de forma favorável e que aquilo pode trazer um resultado para a população, ter uma politização do assunto por meio do líder da nação, que traz elementos que muitas vezes colocam em dúvida…”
Francieli Fantinato, interrompida pelo burburinho de senadores governistas
“Então, quando temos todas as evidências que a vacinação é um meio eficaz para se controlar a pandemia qualquer indivíduo, qualquer pessoa, que fale contrária à vacinação vai trazer dúvida à população brasileira. Então há necessidade de se ter uma comunicação única, seja de qualquer cidadão, de qualquer escalão”, emendou a depoente.
Na CPI, Francieli confirmou ainda que sua saída se deu em razão das dificuldades para alavancar a campanha contra a Covid-19. Segundo ela, o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde não tinha como decolar sem vacina e sem campanha publicitária efetiva. “Não tive nenhum dos dois”, disse.
Franciele também revelou que houve recomendação formal para a compra das vacinas Pfizer e Coronavac em fevereiro deste ano. Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro da CPI, a falta de vacinas contra a covid para imunização da população brasileira contra a covid foi uma opção política do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
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Motivo de ter sido convocada à CPI
Em 8 de junho, quando o ministro Marcelo Queiroga prestou depoimento à comissão, o assunto gerou uma discussão entre os dois. Otto disse que o fato era muito grave e que as pessoas “não podem ser usadas como cobaias”. Além disso, segundo o senador, a Pfizer traz em sua bula que não deve ser aplicada em gestantes.
O senhor pegou um grande pepino para resolver, e eu vejo que o senhor está com boa intenção. Não tenho dúvida da sua boa intenção, mas o que eu quero dizer é que, numa doença grave dessa, tudo o que você puder ler para editar normas técnicas é importante. Essas normas servem para os estados todos, que estão seguindo o que o senhor manda. A edição da norma é do Ministério da Saúde, ele é que coordena todas as ações. Isso é muito grave — afirmou o senador.
A exoneração da servidora foi publicada no dia 30 de junho no Diário Oficial da União. Segundo o ministro, ela pediu para deixar o cargo.
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CPI quebrou sigilos
Francieli Fantinato também foi alvo de quebra de sigilos telefônico e telemático por parte da comissão de inquérito. A iniciativa partiu do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
O PNI é ligado ao Departamento de Imunização e doenças transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e é responsável por definir os calendários de vacinação considerando a situação epidemiológica, com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e povos indígenas.
Em seu requerimento, Alessandro alegou que o ritmo de vacinação no Brasil segue lento e, nesse cenário desfavorável, é preciso identificar de que forma os gestores públicos responsáveis têm atuado.
“O que se pretende avaliar é a atuação da equipe técnica do ministério diante do avanço da pandemia, aumento de casos e baixa vacinação. Além disso, diante da possível existência de um grupo paralelo ao Ministério da Saúde que realizou aconselhamento ao presidente da República”.
Com informações da Agência Senado