
A escritora Lygia Fagundes Telles, morreu em casa, em São Paulo, de causas naturais, neste domingo, aos 98 anos. A dama da literatura brasileira teve uma carreira longa e brilhante reconhecida por inúmeros prêmios.
O corpo da escritora foi velado neste domingo (3), na Academia Paulistana de Letras e, de acordo com a família, seria cremado nesta segunda-feira (4). O governo de São Paulo decretou luto oficial de três dias.
Na quinta-feira (7), a Academia Brasileira de Letras (ABL) fará uma Sessão da Saudade para homenagear a autora.
Trajetória
Nascida em São Paulo, em 19 de abril de 1923, Lygia Fagundes Telles era filha de um advogado e de uma pianista, publicou seu primeiro conto aos 15 anos, ‘Porão e sobrado’, em 1938.
Tempos mais tarde, proibiu a reedição do livro. O considerava muito imaturo.
Lygia Fagundes Telles publicou mais de 20 livros e recebeu, ao menos, 16 prêmios incluindo o Camões, em 2005, pelo conjunto da obra; o Jabuti, nos anos de 1966, 1974 e 2001, além do Guimarães Rosa, de 1972.
Suas obras foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão italiano, polonês, sueco, tcheco e português de Portugal. Seus livros também foram adaptados para a TV, o cinema e o teatro. Entre elas, a novela Ciranda de Pedra, da TV Globo, na década de 1980.
Outro grande sucesso, ‘As meninas’, de 1973, foi adaptado para o cinema e se tornou um dos clássicos da literatura e do cinema nacionais. Em 1977, publicou outro de seus clássicos, ‘Seminário dos ratos’.
Em 2016, foi indicada para o Prêmio Nobel de Literatura pela União Brasileira de Escritores (UBE).
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Revoluções de Lygia
Lygia também foi uma das autoras do ‘Manifesto dos intelectuais’ contra a ditadura militar, em 1977.
E a terceira mulher a entra na Academia Brasileira de Letras, em 1985.
“Imaginai uma reunião na linha dos malditos, dos raros, daqueles que pelos caminhos mais inesperados escolheram a ruptura. Fora do tempo e ocupando o mesmo espaço estão todos em uma sala. É noite. Os gênios ignorados num país de memória curta, que parece preferir os mitos estrangeiros, como se estivéssemos ainda no século 17, sob o cativeiro do reino. Os mitos estrangeiros que continuam sim nos vampirizando. Nós já estamos quase esvaídos e ainda oferecemos a jugular no nosso melhor inglês, o vosso amor é uma honra para mim”, afirmou em um discurso histórico que marcou seu ingresso na ABL.
Em nota, a Academia Paulista de Letras lamentou sua morte.
“A mais notável personalidade da literatura brasileira, patriota e democrata, já era lenda em vida. Permanecerá no Panteão das glórias universais e, para orgulho nosso, era mais academicamente bandeirante. Não faltava aos nossos encontros semanais no Arouche. A gigantesca e exuberante obra continuará a ser revisitada, enquanto houver leitor no mundo”, escreveu José Renato Nalini.
Com informações do g1, Folha e Correio Braziliense