
A crise política que devasta o governo federal se aprofundou ainda mais com a comprovada incapacidade do Palácio do Planalto e do ministério da Saúde de coordenarem o combate à pandemia do coronavírus. Com isto, ganha força na sociedade e no Congresso a proposta de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Um grupo de 352 juristas, intelectuais, artistas e ambientalistas e solicitar ao Supremo Tribunal Federal a abertura de ação criminal contra o presidente por “sabotar e frustrar o processo de imunização de modo a colocar em risco a saúde pública”.
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aumentou a temperatura da crise política ao chamar o presidente de “genocida” e “facínora” e culpou Bolsonaro pela falta de oxigênio hospitalar em Manaus na semana passada, causando centenas de mortes.
Pressão de diferentes atores
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente do STF, ministro Carlos Ayres Brito, diz que “o conjunto da obra” dos atos do presidente nas últimas semanas sinaliza que ele cometeu crime de responsabilidade.
O PSB e os demais partidos de oposição – Rede, PCdoB, PT, PDT – entraram com novo pedido de impeachment do presidente e esta semana vão pressionar os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), a abrir o processo de impedimento de Bolsonaro.
“Bolsonaro precisa responder, política e criminalmente, por seus crimes. Ele está sufocando o Brasil e por isso precisa ser afastado o quanto antes do cargo”, disse o líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon.
Recorde de menções ao impeachment
Após as cenas do caos na saúde pública do Amazonas começarem a circular nas redes sociais, as menções ao termo “impeachment” também crescessem mais de 400% nos últimos dias. O levantamento foi elaborado pela consultoria Arquimedes e divulgado pela CartaCapital.
De acordo com a pesquisa, entre a quinta e a última sexta-feira (16), foram 270 mil posts em apenas 24 horas. Até as 21h da sexta, o volume de postagens chegou a 320 mil. A última vez que houve uma mobilização tão forte pelo impeachment de Bolsonaro foi na saída do ex-ministro Sergio Moro, em abril do ano passando, chegou a 225 mil postagens.
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Rodrigo Maia já solicitou ao presidente do Senado, David Alcolumbre, a instalação da comissão representativa do Congresso, que substitui o Legislativo durante o recesso. Isto é uma demonstração de qu a situação é urgente e preocupante do ponto de vista da gestão do Executivo.