
O Socialismo Criativo estreia hoje a série especial sobre a criatividade no centro da revolução industrial em curso. Na #RevoluçãoCriativa, vamos abordar vários aspectos da Economia Criativa, a mola propulsora da Quarta Revolução Industrial. Neste texto de estreia, conheça a visão dos socialistas sobre a Revolução Criativa do Século 21 e que é o fio condutor da Autorreforma do PSB.
Nas próximas matérias, mostraremos como a Economia Criativa impacta o mundo no qual vivemos, o que pensam e fazem os parlamentares, prefeitos, governadores e militantes do PSB. De que forma outros países lidam com os desafios dessa nova era? Quais exemplos o Brasil pode seguir?
Boa leitura!
Tecnologia no centro da 4a Revolução Industrial
A tecnologia é o ponto central no desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. A Quarta Revolução Industrial em curso conduz a humanidade para um novo tempo, a Era da Informação. Para embarcar nesse nova fase do capitalismo, o Brasil precisa de um projeto que democratize a economia do lado da produção e não só do consumo.
É preciso também qualificar o aparato produtivo para responder às necessidades impostas pela economia do conhecimento. Para o Partido Socialista Brasileiro (PSB), em sua Autorreforma, a Inovação e a Economia Criativa podem ser uma alternativa de desenvolvimento para o Brasil.
“A Economia Criativa não é apenas mais um ramo da economia que reúne uma série de atividades altamente produtivas, mas, sim, uma estratégia de desenvolvimento, que pode possibilitar ao Brasil uma inserção soberana na economia globalizada”.
Autorreforma do PSB
Inovação e criatividade
Essa dualidade é adotada de forma diferenciada em países como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Suécia, Portugal e China. Esses países estão na liderança da Era da Informação e oferecem produtos economicamente mais significativos, como os softwares, o design de produtos e processos, da pesquisa científica e tecnológica, música, filmes, livros, games, turismo e entretenimento. Todas essas atividades estão no bojo da Economia Criativa.
“O que gera valor, hoje, não é somente a produção física de um computador, por exemplo, mas tudo o que tem embutido nele de tecnologia, design, logística, software, capital humano e marca. Uma fábrica de celulares, certamente, vale menos do que a marca da Apple, Samsung ou Xiaomi.”
Autorreforma do PSB
Visão revolucionária da criatividade
Nesse cenário global, o Brasil vive o momento histórico de esgotamento do modelo socioeconômico e político, que caracterizou a Segunda Revolução Industrial, e deixou gargalos que não serão resolvidos com a simples “reindustrialização”.
Os socialistas acreditam que a Economia Criativa pode pavimentar mais rapidamente o caminho do Brasil para a modernidade. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, explica que a Autorreforma do PSB propõe um renascimento criativo da indústria brasileira.
“A economia criativa é uma estratégia de desenvolvimento nacional que tem que estar conectada a um novo paradigma. Não apenas da economia, mas do que um modo de fazer política. É uma visão revolucionária.”
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB
A Autorreforma socialista inaugura uma nova etapa de desenvolvimento do país baseada na modernização tecnológica do parque industrial nacional. Esse processo está baseado em agregar serviços da indústria 4.0 e articular o setor com os novos modelos de comercialização.
Floresta em pé com criatividade
Coordenador do site Socialismo Criativo, ex-deputado Constituinte, membro da Executiva Nacional do PSB e da comissão redatora da Autorreforma, Domingos Leonelli vê a economia criativa como um paradigma que vai permitir que o Brasil entre na economia do conhecimento não como mero consumidor.
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Leonelli explica que a Autorreforma do PSB tomou a economia criativa não como mais um ramo da economia, mas um paradigma para o desenvolvimento. Um sistema que envolve, entre outros aspectos, cultura, tecnologia, pesquisa científica e novos tratamentos ambientais.
“Como o choque de economia criativa na Amazônia para substituir a economia da depredação ambiental. Floresta em pé à base da pesquisa científica dos nossos biomas. Creio que essa nova economia vai muito além, que justifique e possibilite concretamente que o nosso país entre na economia do conhecimento não pelo consumo, mas pela produção. Umas das possibilidades é aproveitarmos o que temos de único, como a Amazônia.”
Domingos Leonelli
Inovar para reindustrializar
Neste século 21, na rotação acelerada do novo giro do capitalismo, a quarta revolução industrial, a tecnologia impacta profundamente as relações econômicas. Os ciclos de inovação ficaram mais rápidos do que na primeira, na segunda e na terceira revoluções industriais.
A persistente perda de participação industrial no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o aumento do desemprego, a volta da fome e as contradições de um sistema ressaltadas durante a pandemia da covid, deixam claro a urgência de um projeto de desenvolvimento nacional.
“Mais do que nunca, é necessário incorporar elementos novos, estruturantes e de longo prazo, às propostas econômicas e sociais, para a superação das constantes crises do capitalismo tardio, às quais o Brasil está submetido. Em outras palavras, dar um salto criativo e revolucionário em direção ao novo paradigma da era do conhecimento.”
Autorreforma do PSB
A Autorreforma avalia que o renascimento da indústria nacional não ocorrerá sem pesados investimentos em ciência e tecnologia, investimentos na educação e qualificação dos trabalhadores para as mudanças que em curso no mundo do trabalho.
Os socialistas também consideram a importância estratégica de complexos industriais e de serviços já existentes que podem ser potencializados, como os das áreas da saúde, de equipamentos e medicamentos.
DNA da nova economia
A inovação e a criatividade são o DNA da nova economia do mundo e representam a possibilidade real de um renascimento criativo da indústria, da agricultura, do comércio e dos serviços, em novas estruturas tecnologicamente atualizadas no Brasil.
Num ambiente de alta competitividade a que está submetida a indústria nacional, é importantíssimo considerar os fatores macroeconômicos relativos ao chamado custo Brasil, que onera a produção da indústria de transformação brasileira quando comparado ao custo dos principais países concorrentes.
A Autorreforma defende a desburocratização e a simplificação da legislação como importantes fatores que requerem forte atuação dos governos para fortalecer o ambiente de negócios criativos no Brasil.
“Adotar a Inovação e da Economia Criativa como eixo estratégico do desenvolvimento, não implica em eliminar outros setores essenciais, como a indústria de transformação, geração de energia, infraestrutura de transporte, agricultura, e os serviços financeiros.”
Autorreforma do PSB
Até porque a Inovação e a Economia Criativa estão presentes, ou deveriam estar, em todos esses setores, por meio do design, dos softwares e da inovação tecnológica.
Projetos de desenvolvimento nacional
Entre as décadas de 1930 e 1950, o governo de Getúlio Vargas articulou a implementação das bases da industrialização do Brasil. A tarefa alcançou parcialmente os objetivos. No entanto, o projeto se esgotou sem o cumprimento da plena inserção da maioria do povo brasileiro na cidadania econômica, social e cultural.
Em outra experiência para o desenvolvimento nacional foram adotadas as fórmulas liberais, adotadas pelos governos sociais-democratas, a partir da última década do século 20. Entre esses esforços estão os programas sociais levados a cabo pelos governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores – a partir de 2003.
No entanto, pela ausência de transformações estruturais, foram insuficientes para libertar o povo brasileiro da pobreza, da desigualdade e da descrença na cidadania e na política.
Perda de competitividade da indústria nacional
A perda de competitividade industrial do Brasil coincide com o advento da Quarta Revolução Industrial. Em 1990, o país ocupava a 26ª posição no ranking de competitividade, entre 150 países e, em 2017, passou para a 35ª posição. Ainda em 2017, o Brasil passou a ocupar a 87ª posição nas exportações de produtos manufaturados. Esse fenômeno demostra que o processo de reprimarização da pauta exportadora nacional, na qual se destacam commodities como minérios e grãos.
Uma parte do que se denomina “desindustrialização” corresponde, na verdade, à perda de peso relativo da indústria manufatureira no conjunto da economia. Nesse processo, os serviços comuns e especializados cresceram, o comércio se transformou, o agronegócio alcançou elevados índices de produtividade, e o extrativismo mineral e a produção de grãos cresceram em escala desproporcional ao crescimento da indústria.
O fato é que a indústria brasileira não deixou de produzir carros, geladeiras e sapatos, mas essa produção perdeu valor relativo.
Autorreforma e a criatividade
Para o sucesso do renascimento criativo da indústria, e da competitividade, o PSB propõe a organização de esforços em torno de pelo menos três grandes eixos estratégicos.
Eixo 1
Trata do alinhamento de inteligências já disponíveis no âmbito do Estado Nacional, que na atualidade trabalham desarticuladamente dada a ausência de um Plano Nacional de Desenvolvimento. Como, por exemplo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Serviço Nacional da Indústria (Senai), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), e os bancos de desenvolvimento. Além da criação de uma empresa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Eixo 2
Envolve a organização de esforços estatais para fazer parceria com a iniciativa privada com potencial de inovação, como o agronegócio, o setor energético, os complexos industriais da saúde, da defesa, da Indústria 4.0, da cadeia de petróleo e gás, e ainda toda a cadeia de produtos amazônidas. Será necessário desenvolver e fortalecer arranjos empresariais inovadores e inteligentes e que permitam a reunião criativa das capacidades públicas e privadas, da inovação e da pesquisa, com a participação e o forte apoio estratégico da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Eixo 3
Aborda a organização de uma aliança entre este novo, criativo e inovador complexo produtivo e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para viabilizar a inserção e ampliação das exportações de produtos de maior valor agregado, nas cadeias globais.
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