
Desde a invenção da roda, a criatividade e a inovação sempre foram fatores determinantes para os grandes avanços econômicos e sociais da humanidade. No século 21, esses fatores conquistaram uma centralidade historicamente inédita no desenvolvimento das forças produtivas.
A geração de valor, antes determinada pelos bens de investimentos em capital fixo (terra, máquinas, estruturas físicas) está crescentemente sendo substituída pelos investimentos em inovação e criatividade. Mesmo na produção de bens tangíveis, os fatores mais determinantes do preço final das mercadorias são determinados pela quantidade de inteligência embarcada.
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Inteligência e criatividade
É o caso da inteligência embarcada em telefones celulares, televisores e computadores. O que conta, principalmente, nesses investimento são os softwares, o design e a marca; somados aos processos produtivos, à digitalização, à inteligência artificial, às máquinas comandando máquinas, tornaram-se os fatores mais dinâmicos da economia.
As lendárias fábricas, a poderosa indústria manufatureira que protagonizou os processos econômicos durante mais de dois séculos, perdem a posição de vanguarda. Não é mais a quantidade de trabalho físico, de aço, de circuitos elétricos, de insumos e matérias-primas físicas, que determinam o principal fator no valor das mercadorias. Mas, sim, os componentes da inovação tecnológica, os softwares oriundos da pesquisa cientifica e da criatividade.
Economia Criativa é a nova economia
Surge uma nova economia, a Economia Criativa cujos componentes básicos são a inovação e a criatividade. As maiores empresas do mundo já não são as que fabricam carros, sapatos, geladeiras ou combustíveis. São a Google, a Apple, o Facebook, a Amazon, a Tesla, para as quais as fábricas e lojas físicas são absolutamente secundárias. Elas produzem e vendem, fundamentalmente, informação, processos, cultura, os chamados intangíveis da nova Era do Conhecimento.
As tecnologias digitais de comunicação, por sua vez, possibilitaram à cultura um espaço econômico e social nunca antes imaginado. Hoje, as grandes orquestras do mundo transmitem Johann Sebastian Bach, Piotr Ilitch Tchaikovski, Ludwig van Beethoven pelos celulares de bilhões de pessoas em todo o mundo.
Espetáculos de dança, teatro, exposições dos maiores museus, convivem com rodas de samba, apresentações de tango, salsa ou forró, pelas televisões ou celulares. Trilhas sonoras antes feitas apenas para filmes, hoje se multiplicam em milhares de produtos tecnológicos como, por exemplo, os games.
Poderosos computadores ajudam a pesquisa científica e a produção de vacinas numa inimaginável velocidade, como aconteceu com as vacinas contra a Covid-19.
No capitalismo, a desigualdade permanece
Se tudo isso estivesse acontecendo num mundo sem fome e sem doenças causadas pela subnutrição, sem barracos e favelas, sem violência, sem a humilhação do desemprego, sem pessoas morando nas ruas, sem crianças se prostituindo, sem jovens vivendo do tráfico e morrendo pelas drogas pesadas, sem a destruição da natureza, estaríamos num lugar ainda melhor que o “maravilhoso mundo novo” de Aldous Huxley.
Mas, apesar dos grandes avanços sociais verificados nos países capitalistas, as desigualdades entre pobres e ricos, entre regiões, entre raças e entre homens e mulheres, permanece. E, em muitos casos, aprofunda-se em razão mesmo da inovação tecnológica. A poderosa e a quase onipresente criatividade ainda não conseguiu servir ao que deveria ser o seu principal papel: combater e reduzir substancialmente a desigualdades no mundo.
Socialismo Criativo na Autorreforma do PSB
Permitam-me, portanto, concluir esse texto que já se alonga demais, com a citação de duas teses propostas para o novo programa do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e contida no livro 4 da Autorreforma do PSB. A tese 510, que fala sobre a necessidade de o socialismo mostrar o potencial criativo para superar o capitalismo moderno; e a tese 513, que fala sobre a felicidade. Para isso, precisamos realizar uma grande revolução criativa para uma nova era.
“Nos últimos cem anos o capitalismo demonstrou sua criatividade desenvolvendo produtos de valor universal, exportando cultura e até mesmo modos de vida. O socialismo, supostamente, o seu sucedâneo histórico, precisará demonstrar um potencial criativo pelo menos igual. O capitalismo moderno, sem dúvida, só será efetivamente superado por um Socialismo Criativo.”
Tese 510, Autorreforma do PSB
“Se a criatividade capitalista tem como objetivo principal a ampliação do mercado e o lucro, a criatividade socialista deve ter como objetivos a ampliação, na sociedade, dos espaços de liberdade, o atendimento das necessidades básicas e fundamentais, o bem estar e a felicidade das pessoas”.
Tese 513, Autorreforma do PSB
Dia Mundial da Criatividade e da Inovação
Em 2017, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 21 de abril como data oficial para celebrar criatividade em todo o mundo. O objetivo é aumentar a consciência sobre o uso dessas capacidades para diferentes aspectos do desenvolvimento humano. As Nações Unidas destacam que a criatividade e a inovação podem ajudar a dar solução a problemas em áreas como desenvolvimento econômico, social e sustentável.
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Até esta quinta-feira (22), está sendo realizada a quarta edição do World Creativity Day (WCD). O evento reúne participantes do Brasil e mais 18 países em 1.480 atividades e é considerado o maior festival colaborativo do mundo.