
Com Eduardo Lima
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta terça-feira (14) o advogado Marcos Tolentino da Silva, possível “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que deu garantia financeira de R$ 80 milhões em contrato firmado entra a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin que foi apontada como irregular pelos senadores da CPI após denúncia dos irmãos Miranda.
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Justiça autorizou condução coercitiva de Tolentino
Essa será a segunda tentativa de ouvir Tolentino, que poderá ser conduzido coercitivamente caso não compareça de acordo com a decisão da Justiça Federal em Brasília proferida ontem, segunda, dia 13. O advogado apresentou um atestado médico para não comparecer ao depoimento que estava marcado para o dia 1º de setembro, mas a CPI da Covid alegou que o documento era fraudado, pedindo explicações do hospital Sírio Libanês e passou a defender que os trabalhos continuem até que o seu depoimento fosse colhido.
“Ele vem de maca, mas virá”, afirmou o presidente Omar Aziz (PSD-AM) na semana passada.
Amigo próximo do líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), e dono da Rede Brasil de Televisão, o depoimento de Tolentino é um dos mais esperados pela CPI, especialmente após a repercussão do depoimento de Roberto Pereira Ramos Junior, diretor-presidente da FIB Bank, que chegou a ter a prisão sugerida pelo relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros.
Os senadores acreditam que as duas empresas sócias do FIB Bank e ligadas a Tolentino eram as verdadeiras operadoras da garantidora e como indícios para comprovar suas alegações, os parlamentares apontam, por exemplo, que as empresas estão registradas no mesmo endereço do escritório do advogado.
O advogado aparece em diversos contratos e interfaces com a Justiça como representante, procurador ou administrador do FIB Bank e de outras empresas ligadas à garantidora. A CPI também identificou quase R$ 2 milhões em transferências a uma companhia que pertence à família de Tolentino.
A convocação do advogado foi feita pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em que destaca a garantia oferecida no contrato de R$ 1,61 bilhão é do tipo fidejussória, o que não estava previsto no documento assinado entre a Precisa, o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. De acordo com o contrato, a garantia para cobrir 5% do negócio (R$ 80,7 milhões) deveria ser uma fiança bancária, um seguro-garantia ou uma caução em dinheiro ou títulos da dívida pública.
“Torna-se necessário ouvir o testemunho de Marcos Tolentino da Silva, apontado como sócio oculto da empresa que forneceu uma garantia irregular no negócio de compra da vacina indiana”, afirmou Randolfe no pedido.
Marcos Rogério cobra provas em relatório final
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) conversou com os jornalistas nos corredores que dão acesso à sala de reuniões da CPI. Ele critica os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito por não ter investigado desvios de recursos em estados e municípios. O parlamentar cobrou a apresentação de provas de eventuais crimes que venham a ser relacionados no relatório final da CPI, a cargo do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Rogério Carvalho fala com jornalistas
A caminho da reunião da CPI da Pandemia, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) concedeu entrevista em que fala sobre os achados das investigações até o momento — entre eles, a divulgação de informações falsas e tratamentos sem eficácia comprovada, além de possível corrupção na compra de vacinas, insumos e serviços no governo de Jair Bolsonaro. Tudo isso, disse, estará no relatório final da comissão, que ele aponta como o momento mais importante dos trabalhos.
Com informações da Agência Senado