
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que tem se esforçado para conscientizar a população sobre a importância de medidas de proteção contra a Covid-19, como o uso de máscaras e o distanciamento físico. Admitiu, contudo, que não consegue cumprir a tarefa “sozinho”. Parlamentares socialistas criticam a postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) .
Queiroga disse que se esforça para conscientizar as pessoas sobre a importância das medidas sanitárias na contenção da pandemia. Ele participou de audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (26).
“Eu sou médico, eu estou aqui para tentar ajudar o povo do Brasil nessa situação, eu não tenho condições sozinho de fazer isso.”
Marcelo Queiroga
Queiroga alerta para a chegada da terceira onda da covid
O ministro também afirmou que o Brasil pode entrar na terceira onda da Covid-19. De acordo com ele, a nova alta de casos pode ser causada por uma nova cepa do coronavírus. Queiroga também não descarta novas medidas de restrições nos municípios para conter o avanço da pandemia.
A nova postura da pasta é bem diferente da que vinha sendo adotada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, que mentiu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. O general também participou de ato público ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Rio, domingo (23), onde causaram aglomeração e não usaram máscara.
Socialistas questionam postura de Bolsonaro
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), evidencia o papel do governo federal para o aumento de casos. “Enquanto o mundo vê a queda de 14% nos casos de covid, o Brasil continua no crescimento, com aumento de 3% no número de novas contaminações na última semana”, escreveu.
O deputado Elias Vaz (PSB-GO) questionou se Queiroga não alerta Bolsonaro sobre péssimos exemplos que ele dá por fazer exatamente o contrário do que indicado para conter a pandemia.
IFA será produzido no Brasil
O ministro da Saúde disse ainda que o governo federal vai assinar na próxima semana um contrato de encomenda tecnológica com a farmacêutica inglesa AstraZeneca. O acordo vai possibilitar que o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), material necessário para produção da vacina contra a covid-19, seja fabricado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nacionalmente.
Além disso, Queiroga ressaltou que o país tem contratadas, até 2022, cerca de 600 milhões de doses de vacinas. Até o momento, foram distribuídas pouco mais de 90 milhões de doses aos estados e municípios, das quais 30 milhões, em maio.
Ele também foi questionado sobre a quantidade de vacinas para o mês de junho. De acordo com a assessoria do Ministério da Saúde, devem ser entregues 41,9 milhões de doses, 12 milhões a menos do que a previsão inicial. O ministro atribui a redução à falta de insumos.
Queiroga diz que há bloqueios para doença
Sem citar a variante indiana da doença, Queiroga declarou que medidas de bloqueio foram adotadas. A nova cepa já foi identificada em sete pacientes infectados no país. Desses, seis são tripulantes de um navio atracado no Maranhão – um deles está intubado em um hospital do estado. O outro mora em de Campos dos Goytacazes (RJ) que chegou da Índia no dia 22 de maio.
“Estávamos com medidas de bloqueio, mas quando houve mais disponibilidade de leitos, se flexibilizou. E pode haver tendência de aumento de casos, que vai se refletir em nova pressão sobre sistema de saúde. Mas também pode ser fruto de uma variante. Nós não temos essa resposta ainda”, afirmou Queiroga.
Queiroga defende medidas de isolamento
O ministro disse que a pasta está atenta para orientar os governos locais sobre as medidas necessárias para evitar uma terceira onda da Covid-19 no país.
“De acordo com a situação de cada município, pode ser necessário que se adote uma medida restritiva, mas cabe a cada autoridade municipal. O Ministério da Saúde fica vigilante para que se possa orientar. E vamos trabalhar juntos para que se possa evitar essa terceira onda”, declarou.
Queiroga afirmou também que o objetivo do ministério é testar entre 10 a 20 milhões de pessoas todos os meses.
“A estratégia de testar os indivíduos sintomáticos na atenção primária à saúde, e a de testar os indivíduos assintomáticos em locais especificados. Aqueles que são sintomáticos e o teste rápido der negativo, devem fazer o RT PCR. Já aqueles que, mesmo assintomáticos, estejam com o teste positivo, ele já será isolado”, explicou.
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Medidas para garantir oxigênio
O ministro falou também sobre atuação do ministério para garantir o abastecimento de remédios e cilindros de oxigênio no Sistema Único de Saúde (SUS). O intuito é evitar baixa no estoque desses insumos, como ocorreu em janeiro em Manaus (AM).
“No pico desta chamada segunda onda, o ministério da Saúde atuou, em uma parceria com a White Martins, e conseguiu importar 16 caminhões para transporte de oxigênio no Brasil. Caminhões usados que vieram do Canadá e que agora fortalecem o nosso sistema de saúde.”
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Ele citou ainda a compra de 2,5 milhões do “kit intubação”, dos quais 800 mil já chegaram ao país. Dependem agora de questões burocráticas para serem distribuídos. A aquisição foi feita por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Preço dos medicamentos
O ministro foi questionado por parlamentares sobre a alta do preço dos medicamentos em 2021. A alegação de Queiroga é que a medida foi necessária para evitar desabastecimento.
“A posição do Ministério da Saúde era por não aumentar o preço, mas foi feita uma ponderação em relação à possibilidade de desabastecimento do mercado, porque os insumos são importados. Então, foi em função disso que autorizamos esse aumento”, explicou.
Com informações do G1 e CNN