
O otimismo de Eduardo Pazuello se provou pouco realista ao fim do primeiro mês de vacinação no Brasil. O ministro de Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que, ao longo de fevereiro, o Brasil se tornaria o campeão mundial em quantidade aplicadas de vacinas contra o coronavírus. Porém, o país segue na 6ª posição, com 8,4 milhões de doses administradas e está longe de alcançar os primeiros lugares.
Leia também: Bolsonaro afirmou que Brasil terá mais de 220 milhões de vacinas em março
Pazuello fez esta afirmação em uma live realizada em 14 de janeiro. Ao lado do presidente, ele garantiu a liderança – apesar do país iniciar a vacinação atrás de mais de 50 países – e de, na época, não ter muita convicção de quantas doses estariam disponibilizadas.
“A partir do início [da vacinação], com 2, 6 ou 8 milhões de doses já em janeiro, nós vamos nos tornar o segundo ou o primeiro, talvez atrás dos EUA, país que mais vacinou no mundo. E quando entrarmos em fevereiro, com a nossa produção em larga escala e o nosso PNI [Programa Nacional de Imunizações], que tem 45 anos, nós vamos ultrapassar todo mundo, inclusive os EUA”, garantiu.
De acordo com dados divulgados pelo instituto Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford, os EUA seguem liderando o ranking com 76,9 milhões de doses. Em segundo lugar aparece a China com 40,52 milhões. Em seguida, Reino Unido, India e Turquia, aparecem nas próximas colocações com 21,09 milhões, 14,3 milhões e 8,77 milhões cada.

Outra análise feita pelo instituto gera ainda mais preocupação em entidades que pedem a agilidade do Programa Nacional de imunizações (PNI). A taxa de vacinação por habitantes, que mede a quantidade de vacinas aplicadas a cada 100 pessoas, coloca o Brasil no 47º lugar com 3,98 doses por 100 habitantes. Neste índice, Israel lidera com taxa de 94,88.
Vacinação estagnada
Representantes dos laboratórios brasileiros, Butantan e Fiocruz, se manifestaram nos últimos dias sobre a produção das vacinas que estão sendo usadas no plano de imunização do país.
Leia também: Contrariando Pazuello, Brasil fica em 8º lugar em ranking mundial de vacinação contra Covid
Em entrevista a Agência de Notícias Reuters, o diretor da Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma, afirmou que segue em diálogo com o laboratório AstraZeneca para garantir que não ocorram atrasos na entrega dos imunizantes para o Brasil. Segundo ele, podem ser importadas mais doses prontas ou insumos, mas a meta de produzir 220 milhões de vacinas segue valendo, apesar dos atrasos burocráticos.
“Acreditamos que em meados do segundo semestre vamos ter vacina pronta, agora, se vamos conseguir liberar vai depender das questões regulatórias. O processo é complexo e não dá para afirmar na ponta do lápis. Sabemos que vamos ter percalços em um processo que se fazia em anos”,
Dimas Tadeu Covas, diretor do Butantan, afirmou em entrevista à GloboNews realizada no último domingo (28) que o instituto entregaria mais 20 milhões de doses da vacina ainda em março. Deste total, 5,6 milhões já seriam disponibilizadas até o próximo dia 13.
“Foi possível adiantar produção prevista e vamos trabalhar nesse sentido, para que as vacinas sejam entregues o mais breve possível”, comentou.