
Jair Bolsonaro (sem partido) não participou de uma reunião organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) iniciada nesta quinta-feira (3) e que segue ao longo desta sexta-feira (4) sobre formas de lidar com o impacto da Covid-19. A informação é do jornalista Jamil Chade, em sua coluna no Uol.
No total, 90 presidentes e chefes-de-governo foram convidados para o encontro, na Assembleia Geral das Nações Unidas, que tenta coordenar um esforço internacional para superar a crise. Todos os governos do mundo foram convidados. Mas, na lista publicada pela ONU, o Brasil apenas será representado pelo chanceler Ernesto Araújo e, por isso, foi colocado no final da fila dos discursos.
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Pelo protocolo da diplomacia, prioridade é dada para presidentes e primeiros-ministros. Procurado pela coluna, o Itamaraty não se pronunciou por enquanto.
Brasil e EUA lideram números de casos
Entre os líderes que tomaram a palavra por videoconferência ou que estão previstos para falar nos próximos dois dias encontram-se Angela Merkel (Alemanha), Giuseppe Conte (Itália), Recep Tayyip Erdogan (Turquia), Miguel Díaz-Canel (Cuba), Justin Trudeau (Canadá), Francisco Rafael Sagasti (Peru), Luis Alberto Arce (Bolívia), Iván Duque (Colômbia), Luis Lacalle Pou (Uruguai), Emmanuel Macron (França), Narendra Modi (Índia), Jacinda Ardern (Nova Zelândia), Erna Solberg (Noruega), Boris Johson (Reino Unido), Pedro Sanchez (Espanha), entre outros.
Entre os países mais afetados pela Covid-19, apenas o Brasil e EUA não enviaram seus chefes-de-estado.
Ao longo dos últimos meses, o governo tem criticado os organismos internacionais, tanto pela resposta à pandemia como por sua insistência em fazer recomendações.
Em diferentes cúpulas, Bolsonaro vem insistindo sobre a necessidade de fortalecer a soberania e evitando qualquer gesto de apoio ao multilateralismo. O governo ainda tem se aliado ao governo de Donald Trump em tentar aprovar emendas de resoluções que minem o papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras entidades internacionais.
Bolsonaro contra a suspensão de patentes
Enquanto isso, na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil voltou a se aliar aos países ricos e questionou nesta quinta-feira (3) uma proposta de países emergentes de suspender patentes de vacinas no caso da Covid-19. No total, 99 dos cerca de 160 países membros da entidade anunciaram o apoio ao projeto. A meta é garantir que a propriedade intelectual não seja um obstáculo para o acesso de bilhões de pessoas pelo mundo à vacina, até que haja uma imunidade de rebanho contra o vírus no mundo.
Entidades internacionais, como a OMS, saíram em apoio da ideia, além de movimentos sociais e igrejas de todo o mundo.
Mas, revertendo décadas de uma postura tradicional da diplomacia brasileira, o Itamaraty optou por se recusar a se unir ao grupo que sugere a suspensão das patentes. De acordo com o Brasil, a lista de patentes relevantes apresentada pela África do Sul não dá uma ideia clara das barreiras concretas enfrentadas pelos países.
O governo reiterou que os acordos existentes oferecem espaço político suficiente para os membros adotarem as medidas necessárias para proteger a saúde pública sem perturbar os esforços de inovação. O Brasil indicou que a proposta colocaria ainda maiores desafios de implementação, além de gerar incerteza jurídica.
Com informações do Uol