
As eleições de 2020 foram marcadas pelo crescimento de candidaturas trans. Ao todo, foram 294 candidaturas pelo Brasil, sendo 30 candidaturas coletivas e apenas 2 para prefeitura e 1 para vice-prefeitura. Isso representa um aumento de 226% em relação a 2016, quando o Brasil registrou apenas 89 postulantes. Isso não significa, no entanto, uma melhora na violência social que esse grupo sofre.
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A covereadora da bancada feminista do PSOL em São Paulo, Carolina Iara, 28, teve sua casa atingida por dois disparos na madrugada da última terça-feira (26), por volta das 2h da manhã. “Eu até imaginei que com o tempo eu poderia incomodar, mas não imaginei que seria tão rápido, isso me surpreendeu. No meu primeiro mês de mandato este ataque”, afirmou ao El País.
A bancada feminista do PSOL acredita que o crime foi político, tendo em vista a proeminência de Carolina no ativismo em prol das pessoas trans. O grupo irá pedir proteção policial para todas as integrantes do mandato.
O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, e uma equipe de peritos já foi ao local do crime para coletar provas. A parlamentar deixou o imóvel temporariamente por medida de segurança até que a investigação avance.
O ataque contra a covereadora ocorreu às vésperas do Dia da Visibilidade Trans, celebrado nesta sexta-feira (29). “A gente não pode permitir que a cidade de São Paulo repita a história do Rio de Janeiro e tenha uma Marielle Franco aqui nessa cidade. Uma Marielle Franco trans”, disse Carolina.
Violência contra trans
Caso se comprove que o ataque foi uma tentativa de intimidação contra Carolina, não será o primeiro ato do tipo contra parlamentares trans no Brasil. Desde dezembro, ameaças em redes sociais foram feitas para Ana Lúcia Martins (PT), também a primeira mulher negra eleita para a Câmara de Vereadores em Joinville (SC), e as vereadoras trans Duda Salabert (PDT), de Belo Horizonte, e Benny Briolly (PSOL), de Niterói (RJ).
Em nota, a Oxfam Brasil manifestou “indignação e preocupação com mais um caso de violência política contra uma mulher negra eleita no país”. O texto da organização, que reúne várias ONGs voltadas à promoção dos direitos humanos, diz ainda que “desde as eleições municipais de 2020, vários casos de violência política contra mulheres negras estão sendo noticiados, mas pouco se sabe das investigações e soluções para evitar que outras mulheres também se tornem vítimas”.
Com informações do El País
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