
Uma menina de cabelos longos e lisos, nariz fino, lábios delicados e uma silhueta magrinha. Essa era a imagem que muitas mulheres negras tentavam conquistar durante a infância, a adolescência e parte da vida adulta. Como a transição capilar, tão importante para a construção da negritude, se torna uma ferramenta de empoderamento.
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Para muitas mulheres negras a memória da primeira vez que foi ao salão usar química no cabelo é muito forte, aponta reportagem do UOL. Para muitas delas ainda na infância. As dietas mirabolantes que começavam cedo no intuito de fazer caber em looks tamanho 34 – 36, no máximo —, usando por modelos, em sua maioria branca – nas revistas, mas que jamais entrariam no quadril da média da mulher brasileira.
Ao ler essa reportagem, uma uma mulher preta, fatalmente, vai se identificar com um ou todos os pontos expostos acima. Em muitos casos, ninguém dizia diretamente que se deveria alisar o cabelo, afinar os lábios ou diminuir as formas físicas. Mas o que significa ligar a TV ou folhear uma revista e ver, todas as vezes, que as mulheres em destaque não se pareciam nem um pouco com você?
Havia, sim, uma mensagem ali. E ela dizia que as características de mulher negra não cabiam naquele espaço. Seria necessário mudar, adaptar e se esconder atrás de uma imagem eurocêntrica. E assim que a maioria fez. E agora param de fazer.
Mas isso não aconteceu de um dia para o outro. Muitas mulheres negras também usaram o cabelo liso como forma para serem aceitas. É o caso da carioca Jossely Alves, 28. Ela começou a usar química aos seis anos e só parou aos 15. “Eu tinha uma ideia errônea sobre o meu cabelo, e sempre achei que o mais bonito e agradável era vê-lo com a raiz baixa e sempre sem volume”, lembra.
Mas, a agressividade da química fez seus fios caírem e este acabou sendo o gatilho para que a estudante de publicidade, uma adolescente na época, enfrentasse a temida transição capilar
“Foi muito difícil, porque em 2009, não era comum ver meninas com o cabelo crespo assumido. Muitas vezes, as pessoas me diziam que o meu cabelo pesaria muito a minha imagem na hora de fazer uma entrevista de emprego”, conta.
Hoje, ela não só usa seus fios crespos assumidíssima, como também ajuda outras mulheres nesse processo de empoderamento da negritude. Jossely é trancista. “Quando cortei o meu cabelo, entrei em um curso para fazer tranças e comecei a praticar em mim. Me especializei e enxerguei o quanto é gratificante elevar a autoestima de outras pretas”.
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