
Com Marcelo Hailer
Um combo de vacinas AstraZeneca e Pfizer foi a saída encontrada para a falta de um dos imunizantes contra a covid. A situação deflagrou uma enxurrada de dúvidas. Na manhã da última quinta-feira (9) chegaram à Revista Fórum uma série de relatos de pessoas que foram receber a 2ª dose da vacina AstraZeneca, mas no local de vacinação foram informadas que o imunizante estava em falta e sem previsão de reposição.
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Dessa maneira, as pessoas tiveram de voltar para casa sem a 2ª dose. À Fórum, a Assessoria de Assessoria de Comunicação da Prefeitura da cidade de São Paulo confirmou a falta do imunizante da AstraZeneca e revelou que aguarda o repasse do governo Federal para normalizar a situação. Ainda de acordo com a prefeitura, a situação deve ser normalizada entre os dias 13 e 17 deste mês.
O que de fato aconteceu, mas, aquelas pessoas que receberam a primeira dose de AstraZeneca receberiam a segunda de uma vacina diferente, no caso, a Pfizer.
Em coletiva de imprensa realizada no último sábado (11), o Secretário de Saúde Edson Aparecido confirmou a segunda dose com Pfizer para aqueles que receberam a primeira de AstraZeneca e afirmou que tal procedimento já havia sido aprovado pelo Comitê Científico do Governo do Estado e Pelo Programa Estadual de Imunização.
A partir daí surgiram questionamentos se combinação de diferentes imunizantes traria a proteção necessária contra a Covid-19. Para responder essa questão conversando com o pesquisador e médico infectologista Dr. Marcos Caseiro, que atua no Hospital Guilherme Álvaro (Santos-SP).
Segundo Caseiro, “não há problema nessa combinação e nós já estamos fazendo isso. Para mulheres gestantes que tomaram a primeira vacina da AstraZeneca não é indicado fazer a segunda dose com a AstraZeneca e no Brasil a indicação é que a segunda dose seja com a Pfizer”.
O médico também revela que há “um estudo espanhol que já está publicado mostrando que, quando você tomou primeiro a AstraZeneca e faz a segunda com a Pfizer você aumenta em até cem vezes a quantidade de anticorpos”.
No entanto, Caseiro salienta que “a situação ideal é você fazer as vacinas com a mesma dose, mas na impossibilidade disso acontecer, já está documentado que você pode fazer isso com uma vacina diferente que não tem problema”.
O infectologista nos lembra que a combinação de diferentes imunizantes já realizada para tratar de outras enfermidades além da Covid. “É importante a gente saber que nós já fazemos isso em algumas vacinas no calendário vacinal. Por exemplo, na vacina poliomielite que a gente utiliza amplamente no calendário vacinal. A gente começa a fazer a vacina com uma que a gente chama, a famosa Salk, que é intramuscular. E depois que toma as três Salks, ela vai tomar as gotinhas, que é a Sabin, que é uma vacina com vírus vivo atenuado. Então, nós já fazemos isso no calendário vacinal”, explica.
Por fim, Caseiro reforça que a combinação entre AstraZeneca e Pfizer garante a imunização frente ao coronavírus e que já há estudos (Espanha e Inglaterra) que comprovam a eficácia de tal cruzamento vacinal. “Então, em relação ao coronavírus, isso pode fazer. E com essa combinação da AstraZeneca com Pfizer você aumenta em até 100 vezes a produção de anticorpos. O ideal seria que não acontecesse essa falta de vacina, principalmente com a AstraZeneca, que o governo federal tanto investiu, mas na impossibilidade, a pessoa pode tomar a segunda diferente que certamente não tem problema nenhum e terá uma proteção bem elevada”, finaliza o médico infectologista.