
Nesta segunda-feira (28), o governo anunciou, em edição extra do Diário Oficial da União, a saída do cargo de Milton Ribeiro, quarto ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro a deixar o posto. Pastor presbiteriano e professor, Ribeiro estava desde julho do ano passado no comando do Ministério da Educação (MEC) e pediu exoneração nesta segunda após forte pressão da ala evangélica e denúncias de corrupção na pasta.
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Com a saída de Ribeiro do MEC, o governo Bolsonaro coleciona uma queda de ministro a cada 43 dias. Desde 1º de janeiro de 2019, quando assumiu a Presidência, Jair Bolsonaro fez 31 trocas em ministérios. Na Educação, passaram Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Antonio Paulo Vogel (interino, no lugar de Carlos Decotelli, que chegou a ser anunciado, mas não foi empossado), além de Milton Ribeiro.
Com a saída do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, prevista para acontecer até o final de semana, devido a filiação de ambos ao Republicanos e o claro interesse na disputa eleitoral deste ano, a Esplanada dos Ministérios passará por fortes mudanças nas próximas semanas.
A quantidade de trocas só perde para o período do mandato presidencial dividido entre Dilma Rousseff e Michel Temer, entre 2015 e 2018, quando ocorreram mais mudanças no comando da pasta. Até o seu impeachment, a ex-presidente Dilma tinha tido quatro nomes na Educação, o que dá uma troca a cada 124 dias. Com Michel Temer no poder, foram outros dois até o fim do mandato, um a cada 481 dias.
E, mais uma vez a pasta da Educação fica sem comando durante o governo, em claro reflexo a gestão desastrosa e incopetende daquele que ocupa o cargo máximo do Executivo. Confira todas as mudanças de gestão no MEC até hoje:
- Ricardo Vélez Rodríguez – A demissão dele foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais na semana em que o governo completava 100 dias, em abril de 2019. A gestão de Vélez foi marcada por crises, controvérsias e recuos, e gerou insegurança nos servidores, nos gestores estaduais e municipais e nos especialistas, que viam riscos para a execução de metas e ações prioritárias.
- Abraham Weintraub – Foi o segundo ministro da Educação de Bolsonaro e também deixou o cargo após meses de polêmicas e críticas, em junho de 2020. Entre elas, está a edição de 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que foi marcada por erros que afetaram cerca de 6 mil participantes. À época, Weintraub reconheceu que houve “inconsistências” na correção dos gabaritos da prova.
- Carlos Alberto Decotelli da Silva – Ele pediu demissão do MEC antes mesmo de tomar posse. Anunciado por Bolsonaro em 25 de junho de 2020, Decotelli entregou a carta de demissão ao presidente 5 dias depois, após uma série de denúncias sobre informações falsas no currículo dele.
- Milton Ribeiro – Foi o ministro da Educação com o maior tempo de atuação no governo Bolsonaro, ficando 20 meses à frente do órgão. No entanto, também entregou o cargo em meio a polêmicas. Um áudio divulgado pela “Folha de S. Paulo” em que Ribeiro assumia favorecer municípios indicados por dois pastores, a pedido de Jair Bolsonaro, marcou suas últimas semanas no cargo e selou sua renúncia.
Próximas baixas ministeriais
Também nesta segunda-feira, a colunista do jornal O Globo, Malu Gaspar, informou que o comandante do Exército, Paulo Sérgio de Oliveira, será o próximo a assumir o Ministério da Defesa. Ele assume no lugar de Walter Braga Netto, cotado para ser vice na chapa de Bolsonaro na campanha de reeleição. Oliveira passará o comando do Exército para o general Marco Antônio Freire Gomes na próxima quinta-feira (31).
No Ministério da Ciência e Tecnologia, quem assumirá o lugar de Marcos Pontes, que deixará o posto para concorrer a deputado federal pelo PL de São Paulo, é o atual secretário de Empreendedorismo e Inovação da pasta, Paulo Alvim.
O ministro Onyx Lorenzoni vai concorrer ao governo do Rio Grande do Sul pelo PL. O mais cotado para assumir o lugar dele na pasta é o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), José Carlos Oliveira. Outra opção é o secretário-executivo, Bruno Dalcomo.
Atualmente no Republicanos, o ministro João Roma pode sair para concorrer ao governo da Bahia pelo PL, partido ao qual se filiará nesta semana. Ainda não se sabe quem substituirá Roma no ministério, caso ele decida realmente ser candidato.
O ministro Gilson Machado, da pasta do Turismo, também deve se candidatar ao Senado em Pernambuco, na chapa com o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), que tentará o governo do estado. Apesar de a pasta estar na mira de políticos, o mais provável é que Gilson seja substituído pelo secretário-executivo, Marcos José Pereira, que já atuou como diretor de ações socioambientais no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com a revista Isto É, ainda há expectativa de que outros ministros deixem seus cargos: Tereza Cristina (Agricultura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo).