Um dia após testar positivo para Covid pela terceira vez, o presidente descumpriu normas que evitam a disseminação do vírus

Nessa quinta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro passeou de moto dentro do Palácio da Alvorada e, sem máscara, conversou com profissionais que fazem a limpeza na área externa da residência oficial. No dia anterior, ele havia testado positivo para Covid-19 pela terceira vez.
Segundo a Folha, Bolsonaro parou a moto e tirou o capacete para para falar com os garis, sem qualquer proteção. O uso de máscaras é indicado por especialistas para evitar a contaminação pelo vírus.
Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela zeladoria do palácio, disse que lhe não cabia fazer manifestação sobre se Bolsonaro descumpriu ou não algum protocolo sanitário no passeio.
O órgão também informou que os trabalhadores que aparecem nas fotografias prestam serviço de jardinagem, terceirizados da empresa WM Paisagismo.
“Na hipótese de ter havido contato próximo (menos de um metro de distância), por período prolongado, com uma pessoa com Covid-19, a decisão [sobre cumprimento de isolamento pelos funcionários] caberá à empresa”, afirmou.
“Não tem como evitar morte”
No mesmo dia, Bolsonaro ainda interagiu com apoiadores que costumam esperá-lo em frente ao Alvorada, causando aglomerações. Ele disse que já poderia voltar a trabalhar normalmente após o 14° dia de isolamento, mesmo com um resultado positivo para a Covid, mas seria criticado caso retomasse sua rotina antes de um exame negativo.
Diante de seus apoiadores, o presidente reforçou suas criticas à quarentena. Segundo ele, “quem está vivendo em sociedade mais cedo ou mais tarde vai pegar [o vírus]” e não há modo de evita-lo.
“Não tem como evitar morte no tocante a isso. No Brasil ninguém morreu, que eu tenha conhecimento, por falta de atendimento médico. Todos os recursos o governo repassou para estados e municípios”, declarou.
Cloroquina para emas
Também no Alvorada, o presidente foi visto hoje exibindo uma caixa de cloroquina para as emas que vivem no Palácio da Alvorada. A cena foi flagrada por repórteres fotográficos que cobriam a movimentação presidencial no local.
O medicamento é defendido por Bolsonaro desde o início da pandemia, embora não tenha qualquer comprovação científica de sua eficácia. Com covid-19 desde o início do mês, o presidente faz uso dele em seu tratamento.
Além disso, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército brasileiro já produziu até o presente momento 3 milhões de comprimidos de cloroquina 150 mg, de acordo com informações do Ministério da Defesa.
Com informações da Folha de S. Paulo