
O PSB oficializou nesta segunda-feira (21), a pré-candidatura de Danilo Cabral ao Governo de Pernambuco. A solenidade ocorreu no Recife Praia Hotel, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana e foi transmissão ao vivo no YouTube e nas redes sociais . Estiveram presentes no evento, o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira; o presidente estadual, Sileno Guedes; o governador de Pernambuco, Paulo Câmara; o prefeito do Recife, João Campos; o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio; o líder da Minoria, Marcelo Freixo; o senador Humberto Costa (PT); e a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PC do B); o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Eriberto Medeiros (PP); o deputado federal Carlos Veras (PT) e a deputada estadual Teresa Leitão (PT), além de lideranças dos partidos que integram a Frente Popular de Pernambuco.
Nos discursos feitos durante o anúncio, era visível a rememoração da trajetória do PSB em Pernambuco. Com um histórico de quase 70 anos de luta e militância, Pernambuco é o carro-chefe do socialismo brasileiro. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que ficou muito feliz quando Paulo Câmara anunciou que Danilo Cabral, até então líder do PSB na Câmara dos Deputados, seria o candidato à sucessão. Ele disse, ainda, que a parceria com o PT retoma uma tradição de décadas da Frente Popular de Pernambuco, usualmente liderada pelo PSB.
“Essa escolha representa não só a sua história pessoal, isso representa a história de uma frente política que remonta à década de 60, que já contribuiu a Miguel Arraes, Eduardo Campos, Pelópidas Silveira e tantos outros.” Carlos Siqueira
Quando for eleito, Danilo Cabral dará continuidade a uma sequência de 16 anos do PSB no comando do governo. Ele é o segundo pré-candidato ao governo de Pernambuco já anunciado oficialmente.
Projeto político do PSB é livre de interesses pessoais
O governador Paulo Câmara afirmou que o projeto político do PSB, em união com o PT e demais partidos da Frente Popular, é livre de interesses e ambições pessoais.
“O que nos reuniu e que continua nos reunindo não foi conveniência, mas a consciência de que Pernambuco precisava continuar a andar para frente. A Frente Popular de Pernambuco está novamente reunida. Quero dizer a todos os partidos aliados o meu muito obrigado por estar aqui hoje e por terem me legitimado a conduzir esse processo.” Paulo Câmara
Sobre a candidatura de Danilo Cabral, Paulo Câmara citou o gesto do senador Humberto Costa de abdicar da candidatura pelo PT para que o partido integrasse a Frente Popular.
“Danilo tem experiência no Parlamento e no Executivo, mas tem, sobretudo, além da capacidade já testada e aprovada, a sensibilidade social, os princípios que a Frente Popular sempre defendeu. E nós precisamos muito dessa união de virtudes que faz a união de pessoas”, afirmou.
Paulo Câmara também afirmou que, apesar de se tratar de uma candidatura estadual, é preciso olhar para o cenário nacional, citando, novamente, a aliança com o PT em prol da candidatura de Lula.
“O presidente Lula é uma referência mundial. É reconhecido em todos os lugares como política nacional. Diferente do que está aí. Ele orgulha o Brasil. É um símbolo de diálogo e respeito e combate às injustiças que ele mesmo precisou combater quando foi presidente da República”, disse.
O prefeito do Recife, João Campos, deu apoio à construção de uma frente política que englobe Pernambuco e ainda ajude Lula nacionalmente.
“Pernambuco sempre esteve presente nas grandes discussões da política e da democracia brasileira. Eu tenho certeza de que maior que o desafio dessas eleições, será o desafio de reconstruir o Brasil. (…) Pernambuco está absolutamente unido em torno da candidatura do nosso amigo Danilo Cabral, assim como Pernambuco está unido para o PSB ser o primeiro partido a declarar oficialmente o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.” João Campos
Reencontro com a esperança
Em seu discurso, Danilo Cabral criticou a privatização de estatais, como da Eletrobrás e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), e fez críticas a Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “pior presidente da história”.
“Nós vivemos hoje a mais dura crise da história republicana, um conjunto de crises que se abateu sobre o mundo, de forma mais perversa sobre o Brasil. Uma crise sanitária que já levou mais de 60 mil vidas.” Danilo Cabral
Ao falar sobre a aliança nacional do PSB com o PT, Danilo Cabral disse que Pernambuco “sente saudade” de Lula e criticou o tratamento dado ao Nordeste por Jair Bolsonaro e pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
“Pernambuco perdeu muito, perdas essas que são fruto da perseguição, da discriminação, do ódio que resultou da relação do governo federal com o Nordeste e com Pernambuco. Foi assim no governo Temer, foi assim no governo Bolsonaro. Nós precisamos de um reencontro com a esperança do povo de Pernambuco”, declarou.
Aliança entre o PSB e o PT
Em entrevista, Lula afirmou que a retirada da candidatura de Humberto Costa era um “gesto político” ao PSB, já que o Partido dos Trabalhadores pretende lançar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato ao governo paulista.
O senador Humberto Costa abriu mão de disputar o cargo para abrir espaço à candidatura de Danilo, em nome da conjuntura nacional. No evento, ele afirmou que tem “compromisso com as forças democráticas e progressistas de Pernambuco”.
“Nós fazemos isso por Pernambuco, mas também pelo Brasil. Por Pernambuco para dar segmento ao projeto da Frente Popular (…) O gesto do PT de retirar uma candidatura legítima e viável foi feito em nome dessa unidade, e em nome principalmente de juntarmos forças para, de modo definitivo, derrotarmos esse governo que infelicita o povo brasileiro”, disse o senador referindo-se a Bolsonaro.
Sua atitude também foi reconhecida por Danilo, ao elogiar o gesto do senador, alegando que “poderia ser ele” ali, em seu lugar, sendo indicado como candidato ao governo.
Entre as duas siglas, também é discutida a possibilidade de formar uma federação partidária, que promove a união de partidos para atuar de maneira unificada por um período mínimo de quatro anos.
Sobre o assunto, o ex-deputado federal e coordenador do site Socialismo Criativo, Domingos Leonelli, afirmou que “o apoio do PT pode significar o primeiro movimento de grande envergadura para a formação da federação”.
“O apoio do PT ao nosso candidato, Danilo Cabral, em Pernambuco, pode significar o primeiro movimento de grande envergadura para a formação da federação. Os outros movimentos referem-se às sugestões do PSB para o estatuto e programa da federação.” Domingos Leonelli
Esse mecanismo entrou em vigor na reforma política aprovada em 2021, na qual foram excluídas as coligações, que, muitas vezes, ocorriam entre partidos sem a mesma ideologia partidária, somente devido a fins eleitoreiros.