
Apesar do desespero de Jair Bolsonaro (sem partido) em convocar a população para os atos antidemocráticos, a popularidade dele segue despencando. Pesquisa do Atlas Político, divulgada nesta segunda-feira (6), mostra rejeição de 64% da população a Bolsonaro. Há um mês era 63%. A avaliação positiva passou de 37% para 35%.
Os números também mostram que Bolsonaro será derrotado nas eleições de 2022. No segundo turno, ele perde tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
A maior diferença é a registrada na disputa entre Lula e Bolsonaro (52,5% a 35,9%), enquanto a menor aconteceu no cenário em que Lula enfrenta Doria (39,7% a 36,3%). O atual presidente empataria na margem de erro de dois pontos para mais ou para menos com o ex-juiz Sergio Moro e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
No entanto, às vésperas dos atos golpistas marcados para 7 de Setembro, os dados mostram que o núcleo duro de bolsonaristas pode cumprir uma função importante no tabuleiro eleitoral: com a base atual, ele não apenas inviabiliza o crescimento de uma terceira via, como pode ser capitalizado nas ruas para demonstrar força popular e, assim, reverter a queda na popularidade.
Bolsonaro tem maior rejeição
Bolsonaro tem a maior rejeição entre todos os avaliados da pesquisa, ao mesmo tempo em que conserva a segunda maior aprovação —perde apenas para os 46% de Lula.
Essa é a base fiel ao presidente que deve ir às ruas nas manifestações do feriado.
“Na nossa pesquisa, 19% da população brasileira demonstrou vontade de comparecer ao 7 de Setembro. Isso são 29 milhões de pessoas, o que é impossível. Mas, se 20% das pessoas das grandes cidades comparecerem, já é muita gente. Isso mostra que Bolsonaro conserva um núcleo suficientemente mobilizado para reverter a queda de popularidade”, analisa.
Exploração da base bolsonarista
Para Roman, o grande trunfo do governo em manter uma base de apoiadores tão coesa é a possibilidade de explorá-la em eventos como o desta terça-feira. As imagens e a repercussão de ruas lotadas de apoiadores, que devem ser vistas no feriado, podem influenciar a opinião pública em prol do atual presidente, apesar das contínuas críticas que recebe da maioria da população.
Ao mesmo tempo, Roman ressalta que a grande rejeição contra Bolsonaro pode fazer com que as manifestações tenham o efeito contrário.
“Não seria a primeira vez que uma manifestação a favor desencadeie outras da oposição. Seria uma reação perigosa para o governo, uma vez que a base anti-bolsonarista é maior que a base bolsonarista”, projeta o cientista.
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Lula continua o maior adversário de Bolsonaro
O maior adversário do governo atual é Lula, que viu sua aprovação subir de 43% para 46%, enquanto a rejeição caiu de 54% para 48% em um mês. Ele também lidera todos os cenários projetados em primeiro e segundo turno na pesquisa.
“Mas isso tem mais a ver com Bolsonaro do que com Lula. As pessoas estão cada vez mais chateadas com a realidade do país, principalmente econômica, e responsabilizam o atual governo por isso. Querem a cada dia uma alternativa, e a única que se apresenta é Lula”, afirma.
Todos os outros candidatos, se somados, têm porcentagem menor que os índices de Bolsonaro e do petista. Na visão do cientista, caso Lula permaneça com uma postura moderada e com um discurso articulado, despontará como grande favorito no atual contexto econômico.
A pesquisa Atlas ouviu 3.246 pessoas de forma online e randomizada, entre os dias 30 de agosto e 4 de setembro.
Com informações do El País