
O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT) virou alvo da Polícia Federal após criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Em mais um ato de intimidação contra seus opositores, o pedido de abertura de inquérito foi assinado pelo próprio presidente da República e conduzido pelo ministro da Justiça, André Mendonça.
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Segundo a denúncia, Ciro Gomes teria ferido a honra do presidente Jair Bolsonaro durante uma entrevista à Rádio Tupinambá, de Sobral (CE), em novembro do ano passado. Na entrevista, ele afirmou que a população, ao não apoiar os candidatos de Bolsonaro, mostrava um sentimento de “repúdio ao bolsonarismo, à sua boçalidade, à sua incapacidade de administrar a economia do País e seu desrespeito à saúde pública”.
O ex-ministro também chamou Bolsonaro de “ladrão” e citou o caso de “rachadinha” que envolve seus filhos ao falar das pretensões políticas do ex-juiz Sérgio Moro.
“Qual foi o serviço do Moro no combate à corrupção? Passar pano e acobertar a ladroeira do Bolsonaro. Por exemplo, o Coaf, que descobriu a esculhambação dos filhos e da mulher do Bolsonaro, que recebeu R$ 89 mil desse (Fabrício) Queiroz, que foi preso e é ladrão, ladrão pra valer, ligado às milícias do Rio de Janeiro. E onde estava o senhor Sérgio Moro? Acobertando”, disse Ciro.
O caso corre na Justiça Federal do DF. Segundo despacho do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Ciro é alvo de investigação policial com base do artigo 145 do Código Penal, que trata sobre crime contra a honra.
Grave tentativa de intimidar opositores
Na sexta-feira (19), pelas redes sociais, Ciro comentou sobre a investigação, que considera uma “grave a tentativa de Bolsonaro de intimidar opositores e adversários”.
Ele classificou a ação como um “ato de desespero” do presidente por estar vendo a sua imagem se deteriorar. A reprovação as ações do chefe do Executivo alcançou 52% dos brasileiros, um crescimento de 5% desde a última pesquisa, de acordo com pesquisa PoderData.
Recentemente, o influenciador digital e youtuber Felipe Neto foi intimado a depor por chamar o presidente de ‘genocida’. Na última quinta-feira (18), ele anunciou a criação de uma frente de defesa gratuita para pessoas que forem investigadas ou processadas por protestarem contra o governo. A iniciativa recebeu o nome de “Cala-Boca Já Morreu”.
Políticos se solidarizam com Ciro
Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou que o inquérito contra seu colega de partido “é expressão de um presidente autoritário, ditador de plantão e incompetente”. Em outra postagem no Twitter, ele diz também que a preocupação de Bolsonaro deveria estar “nos quase 300 mil mortos pela Covid-19 no país e a economia despencando”.
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, também utilizou a rede social para demonstrar sua solidariedade com Ciro: “Não vamos nos calar!”, afirmou.
Os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ) e Denis Bezerra (PSB-CE) também prestaram solidariedade. “Conte comigo na luta contra o autoritarismo!”, afirmou Molon, enquanto Bezerra destacou que tentativa de Bolsonaro em “mudar o foco dos problemas” não irá apagar a sua ausência diante da história e vidas perdidas.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo