
Em discurso para celebrar os 100 anos do Partido Comunista Chinês, o presidente da China, Xi Jinping, mandou um recado direto para os Estados Unidos. O líder chinês ressaltou a intenção de fortalecer ainda mais a soberania e a integridade territorial do país. A mensagem foi clara e direta: qualquer iniciativa de bloquear a passagem da China está destinada ao fracasso.
“A China nunca oprimiu nem vai oprimir ninguém. O povo chinês nunca vai permitir que forças estrangeiras nos oprimam ou escravizem. Qualquer um que quiser isso vai quebrar a cabeça e derramar seu sangue na Grande Muralha de aço, forjada pela carne e sangue de 1,4 bilhão de pessoas.”
Xi Jinping
Jinping destacou que a ascensão da China, antes colonizada e agora uma potência mundial não tem mais volta. “O tempo em que o povo chinês podia ser pisoteado e oprimido acabou para sempre”, afirmou. “O grande renascimento da nação chinesa entrou em um processo histórico irreversível”, afirmou o líder, ovacionado pelo povo que comemora as centenas de milhões de chineses que saíram da pobreza.
Polêmica sobre origem do vírus
As comemorações do centenário do PCCh acontecem em meio à novas hostilidades políticas entre China e EUA, sobretudo com as disputas sobre Taiwan e um recente relatório estadunidense que apontou a possibilidade de o novo coronavírus ter escapado por acidente de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan.
Informações do governo chinês mostram que a Covid-19 está controlada no país, que já aplicou mais de 1 bilhão de doses de vacinas até o momento. A média de novos casos flutua na baixíssima casa dos 25 diagnósticos por dia.
Jinping também afirmou que o partido se preocupa com o futuro da humanidade e quer seguir “com todas as forças progressistas ao redor do mundo” para preservar a ordem e a paz globais.
100 anos do Partido Comunista da China
As celebrações do centenário do Partido Comunista Chinês (PCCh) ocorreram na manhã desta quinta-feira (1º) na Praça Tiananmen (da Paz Celestial), em Pequim. Milhares de pessoas se reuniram para celebrar o partido que comanda o gigante asiático desde 1949 e que transformou um país semifeudal e atrasado em uma potência mundial.
Considerada a maior organização política do mundo, com mais de 90 milhões de membros, a chegada do PCCh ao poder marcou um antes e um depois na história do país. Se hoje a China é uma potência capaz de rivalizar com a economia dos Estados Unidos e construir sua própria estação espacial, muito se deve ao apoio popular de uma nação com mais 1,4 bilhão de habitantes e mais de 50 etnias diferentes.
Ironia made in China
O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, ainda no espírito de celebração pelo centenário do PCCH fez uma postagem irônica ao se referir à morte do ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos Donald Rumsfeld. O republicano anti-China faleceu nesta quarta-feira (30), aos 88 anos, às vésperas do centenário do PCCh. Wanming recordou uma das frases de Rumsfeld sobre a China. “O Partido Comunista da China não viverá até os 100 anos de qualquer maneira, enquanto eu viver.”
Elias Jabour publica artigo especial
O especialista em China Elias Jabbour publicou um artigo exclusivo para o Vermelho em que reflete sobre o atual momento do PCCh e aborda os desafios que a potência asiática deve enfrentar daqui para frente.
“Ao completar seu centenário o Partido Comunista da China está diante de mais um desses desafios que fazem lembrar a epopeia da Longa Marcha (1934-1935) e a batalha contra a ocupação japonesa (1937-1945). Mas os tempos são outros e o Partido Comunista da China hoje é senhor de uma potência nuclear com 1,4 bilhões de habitantes e a segunda maior economia do mundo em critérios absolutos. Possui sob seu controle 96 grandes conglomerados empresariais estatais, um imenso e capilarizado sistema financeiro estatal e reservas cambiais da ordem de US$ 3,2 trilhões.”
Elias Jabbour, para o Vermelho
No texto, o professor Jabbour explica que foi da Revolução Russa que veio a inspiração à formação de uma força política capaz de fazer renascer a chama viva da nação chinesa.
“O marxismo definitivamente havia se transformado em um grande corpo teórico de libertação nacional: em 1919 o ‘Manifesto Comunista’ de [Karl] Marx e ] [Frierich] Engels fora traduzido ao mandarim. Em 1921, com cerca de 50 militantes, foi fundado o PCCh. Em 1949, ou seja, 28 anos depois de sua fundação, esta força havia alcançado o poder no país mais populoso do mundo”.
Elias Jabbour, para o Vermelho
A China está com tudo!
No começo de 2021, a China pousou o seu robô na superfície do planeta Marte; iniciou a montagem e colocou em funcionamento sua própria estação espacial ao redor da Terra – Tiangong; enviou com sucesso a nave Shezhou 12, com três taikonautas; anunciou para 2024 a colocação em órbita de um telescópio 300 vezes mais potente do que o Hubble, dos norte-americanos.
Leia também: Entenda o protagonismo da China no cenário econômico global – com Elias Jabbour
Além da questão espacial, travou e venceu a “guerra popular” contra a pandemia, vacinou mais de 1,1 bilhão de chineses e já exportou ou doou cerca de 600 milhões de vacinas aos 39 países mais pobres do mundo.
Nas últimas duas décadas, colocou em circulação cerca de 40.000 quilômetros de trens de alta velocidade e já testa seu primeiro trem-bala que poderá atingir 800 km/h. O país possui três vezes mais trens desta natureza do que o mundo inteiro reunido.
Origens da maior organização política do mundo
Na década de 1920, a China era um país puramente agrícola e foi no campo que o Partido Comunista Chinês construiu as suas bases. A priorização de uma reforma agrária promoveu grandes mudanças sociais e institucionalizou uma estrutura legal e governamental que fosse liderada pelo povo e respondesse ao povo, com representantes de todas as regiões, etnias e camadas sociais chineses.
O PCCh foi reconhecido por liderar a fundação da “Nova China” em 1949, entre os sucessos do partido se destacam o desenvolvimento econômico exponencial com a política de reforma e abertura, a erradicação da pobreza extrema, a contenção da pandemia de covid-19 e o lançamento de um ambicioso programa espacial.
Com informações G1, Vermelho, Folha, Opera Mundi