
Enquanto o Brasil ainda enfrenta dificuldades no projeto de imunização nacional contra a Covid-19, a China dá exemplo de rapidez e eficiência no controle da nova variante delta que aumentou o número de contágios no país.
O governo chinês suspendeu todos os voos do aeroporto de Nanquim até 11 de agosto para controlar o aumento de casos de coronavírus. Também foram realizadas três rodadas de testes de ácido nucléico em mais de 9 milhões de habitantes da cidade para controlar o surto piorado pela variante delta e sua maior transmissibilidade.
De acordo com reportagem do Brasil de Fato, o surto é considerado como um dos piores desde o primeiro em Wuhan, no início de 2020. Na última semana, foram registrados mais de 200 casos na China. Na capital Pequim, que estava sem contágios registrados há quase seis meses, o novo coronavírus voltou a ser encontrado.
A cidade de Nanquim, porta de entrada para a parte leste, é considerada o centro da nova onda de contágio e as autoridades chinesas afirmam que o foco se espalhou para 14 províncias e 28 cidades do país. Medidas de distanciamento social e rastreamento de contatos também foram aplicadas em outras partes da China.
Pandemia na China e em outros países da Ásia
Na Indonésia, a covid-19 já causou mais 94 mil óbitos e infectou 3,4 milhões de pessoas. O país tem uma das maiores taxas de letalidade infantil da pandemia em todo o mundo, com mais de 800 crianças mortas.
Já em Mianmar, a variante delta avança e o país registra cerca de 6.000 infecções e mais de 300 mortes por dia. A situação é piorada pela falta de insumos e a greve de profissionais de saúde, que protestam contra o golpe militar que implantou o governo de uma junta militar.
Na Tailândia, um dos depósitos do terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Bangkok foi transformado em hospital de campanha para atender ao crescente número de pacientes. Com cerca de 5% da sua população está completamente imunizada, o país estendeu medidas de distanciamento social até o final de agosto.
Turismo e a variante delta na China
Quinze províncias chinesas já confirmaram casos. Em 12 delas, há conexão com um surto que começou em Nanjing, na província de Jiangsu. Autoridades locais atribuíram a propagação à variante Delta e à temporada de turismo doméstico.
Em Zhuzhou, na província de Hunan, mais de 1 milhão de pessoas foram orientadas a não sair de casa por três dias, enquanto os testes em massa e uma campanha de vacinação são ampliados. O governo regional descreveu a situação como “sombria e complicada”. Em outras cidades, comunidades inteiras estão sendo colocadas sob isolamento emergencial à medida que surgem casos da variante Delta.
A variante foi detectada no país pela primeira vez em julho deste ano no aeroporto de Nanjing, infectando funcionários que haviam limpado um avião que chegou da Rússia. As autoridades testaram de imediato 9,2 milhões de moradores de Nanjing e impuseram o isolamento a centenas de milhares de pessoas.
Mas, no fim de semana, os holofotes se voltaram para o popular destino turístico de Zhangjiajie, na província de Hunan, onde foram registrados muitos dos casos recentes. Autoridades de saúde estão tentando rastrear cerca de 5 mil pessoas que assistiram a apresentações em um teatro de Zhangjiajie e depois viajaram de volta para suas cidades natais.
Todas as atrações em Zhangjiajie foram fechadas e os turistas estão sendo solicitados a fazer um teste covid-19 antes de deixar a cidade, informou a mídia local.
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Variante Delta no Brasil
Documento divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, alertou que a variante Delta pode ser um grande risco para pessoas não imunizadas, uma vez que é altamente contagiosa se comparada com outras. Nessa sexta-feira (31/7) foi registrado o quinto caso da cepa em Minas, na cidade de Virginópolis, na região de Itabira.
Até a última quinta-feira (30), o Brasil registrava 247 casos confirmados envolvendo a variante Delta. Ao todo, o país tinha 40.602.854 pessoas com o esquema vacinal completo, seja com as duas doses ou dose única. Isso representa 25,68% da população acima de 18 anos. Com a cobertura vacinal ainda baixa, a variante Delta se torna um risco ao país, se levado em conta o estudo publicado pelo CDC americano.
O médico infectologista integrante do Comitê de Enfrentamento à Pandemia da Prefeitura de BH, Carlos Starling, destacou os riscos que a nova cepa do vírus aqui no Brasil.
“Nós estamos vendo com muita preocupação a dispersão da cepa Delta pelo país e sua chegada aqui a Belo Horizonte, em Minas Gerais, o que é inevitável, assim como foi a chegada da variante original que gerou toda essa epidemia do ano passado.”
Carlos Starling
Ele lembra que o momento atual da pandemia na capital permitiu recentes flexibilizações no funcionamento da cidade, mas o cenário pode mudar de maneira repentina.
“Nós estamos num momento epidemiológico favorável em todos os nossos indicadores, mas como essa variante é muito mais transmissível, isso pode também mudar rapidamente e com base na experiência anterior, nós sabemos que em quatro ou seis semanas essa situação pode mudar de forma radical, portanto nós temos sim que ficar muito atentos”
Carlos Starling
Máscaras de proteção
Tamanha preocupação com a variante Delta fez o CDC emitir recomendação para que pessoas vacinadas contra a Covid-19 voltem a usar máscaras em ambientes fechados nos EUA. Em maio, o órgão havia aconselhado a flexibilização do uso da proteção em locais fechados, com exceção de transportes públicos.
O país tem 48,8% da população vacinada com as duas doses, segundo a plataforma Our World In Data. Ainda segundo o CDC, a cepa nova é responsável por 83% dos novos casos registrados nos Estados Unidos.
Já no Brasil, “logo, logo não precisaremos mais de máscara”. A afirmação foi feita pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante conversa com a imprensa no Palácio do Planalto nesta semana. Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levantar a possibilidade do não uso do acessório por parte de pessoas já infectadas ou vacinadas, Queiroga encomendou um estudo para avaliar a viabilidade da medida.
Com Informações do Brasil de Fato e Correio Braziliense e BBC