
Um dia depois de Washington proibir o download do aplicativo TikTok e determinar o bloqueio efetivo do WeChat nos Estados Unidos, a China lançou um mecanismo que lhe permitirá sancionar empresas estrangeiras. O anúncio, feito neste sábado (19), inicia um novo capítulo na guerra tecnológica e financeira entre os dois países, que vivem há meses em tensão diplomática.
O comunicado, feito pelo Ministério do Comércio, não aponta diretamente para nenhuma empresa estrangeira. Mas faz alusão, de forma geral, a uma série de ações que implicariam sanções para as empresas e restrições às atividades e entrada de material e pessoas em território chinês.
Lista de “entidades não confiáveis”
A lista incluirá as empresas cujas atividades “ataquem a soberania nacional da China e seus interesses em termos de segurança e de desenvolvimento” ou que violem “as regras econômicas e comerciais internacionalmente aceitas”, segundo o ministério.
A criação da listagem chinesa de “entidades não confiáveis” é considerada uma arma de Pequim para adotar represálias contra os Estados Unidos, que utilizou sua própria “lista de entidades” para excluir a gigante chinesa das telecomunicações Huawei do mercado americano, ao mesmo tempo em que atua contra TikTok e WeChat.
As medidas da China podem incluir multas contra a entidade estrangeira, proibição para realizar operações comerciais e investimentos no país, assim como restrições à entrada de pessoas ou equipamentos no país. De acordo com o governo chinês, no entanto, as regras podem afetar “empresas estrangeiras, outras organizações e indivíduos”.
Proibição do TikTok e WeChat
Com a determinação estabelecida na última sexta-feira (18) pelos EUA, o WeChat – propriedade do Tencent – pode perder parte de suas funções no país a partir deste domingo. Em relação ao TikTok, os usuários estão proibidos de instalar atualizações, mas poderão continuar acessando o serviço até 12 de novembro.
No contexto da campanha eleitoral da reeleição de Donald Trump, as autoridades americanas descreveram as medidas como essenciais para preservar a segurança nacional e evitar a possível espionagem chinesa a partir das plataformas.
“Intimidação” americana
No entanto, o Ministério do Comércio da China condenou, neste sábado, o que chamou de “intimidação” americana, afirmando que as regras violam as normas comerciais internacionais e que não há qualquer comprovação de ameaça à segurança.
“Se os Estados Unidos insistirem em seguir seu próprio caminho, a China tomará as medidas necessárias para preservar firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, disse.
O WeChat é muito usado por expatriados chineses para manter contato com suas famílias e há um processo judicial pendente nos Estados Unidos de vários usuários contra o bloqueio. No caso do TikTok, a medida aumenta a pressão sobre a ByteDance, a empresa proprietária chinesa, para que esta conclua um acordo de venda total ou parcial do aplicativo e, dessa forma, elimine as preocupações de segurança dos Estados Unidos.
Com informações da Folha de S.Paulo