
Acusada pelos Estados Unidos e outros países de estar por trás de uma campanha de ataques cibernéticos contra grandes empresas, a China não apenas negou participação nos ciberataques como apontou a prática como usual aos países ocidentais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, descreveu as acusações como “infundadas” e acusou os Estados Unidos de fazerem uma campanha difamatória contra Pequim por “razões políticas”, pois espionagem é “prática dos países aliados”.
As declarações foram feitas na terça-feira (20), depois que os Estados Unidos tornaram públicas as acusações. Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a União Europeia, o Reino Unido, a Austrália, o Japão, a Nova Zelândia e o Canadá se aliaram aos EUA na denúncia.
Guerra comercial contra a China
As censuras mútuas reabriram uma nova frente de atrito nas relações bilaterais, já sobrecarregada por amargas diferenças em questões como a guerra comercial, a rivalidade tecnológica e os direitos humanos da minoria uigur em Xinjiang e em lugares como Hong Kong e Taiwan. Zhao, considerado o representante emblemático da nova corrente mais agressiva da diplomacia chinesa, conhecida como a dos “lobos guerreiros”, foi duro em sua resposta.
“Manchar a reputação dos outros não branqueia a sua”, disse o porta-voz.
“Os Estados Unidos são o principal país do mundo como origem de ataques cibernéticos”
Zhao Lijian
O representante diplomático afirmou que as denúncias ocidentais constituem uma “campanha de difamação e de pressão totalmente motivada por razões políticas”.
A linha de acusações contra os Estados Unidos também é a adotada por várias embaixadas chinesas nos países participantes das denúncias. A diplomacia de Pequim em Bruxelas acusa os EUA de terem espionado durante anos outros Estados, incluindo países amigos, enquanto se “vangloriam de ser os guardiões da cibersegurança, tentam manipular e pressionar seus parceiros para formar pequenos círculos de exclusão e difamar e atacar outros países repetidamente em questões de segurança cibernética. Esse tipo de prática revela seus padrões duplos e hipocrisia”.
EUA acusam China de ter colaborado com hackers
Washington acusa o Ministério da Segurança do Estado — os serviços secretos chineses — de ter colaborado com hackers. A Casa Branca mencionou um “padrão de comportamento irresponsável” por parte de Pequim, enquanto o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se referiu a “comportamento irresponsável, destrutivo e desestabilizador no ciberespaço” por parte da China.
Com isso, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou que quatro cidadãos chineses – três autoridades de segurança e um hacker contratado – foram acusados de serem os responsáveis por uma campanha global de invasão destinada a dezenas de empresas, como a Microsoft, universidades e agências governamentais.
Pirataria cibernética
As acusações de pirataria cibernética contra a China não são novas. Washington denuncia há anos que Pequim está por trás de uma série de ataques contra agências federais e empresas norte-americanas, algo que o Governo de Xi Jinping sempre negou categoricamente.
Já em 2015, a Administração de Barack Obama culpou hackers apoiados pela China por invadirem os sistemas de computador do Escritório de Gestão de Pessoal dos Estados Unidos, o braço de recursos humanos do Governo dos Estados Unidos, em uma operação em que seus autores tiveram acesso a dados pessoais de funcionários federais de até 20 anos atrás.
EUA fazem ataques contínuos
Em artigo publicado pelo jornal The Washington Post, no início de junho, presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que as regras do comércio internacional e da tecnologia devem ser estabelecidas pelos EUA e Europa, e não China.
“Vamos nos concentrar em garantir que as democracias de mercado, e não a China nem mais ninguém, estabeleçam as regras do século XXI em torno do comércio e da tecnologia”, detalhou.
Poucos dias antes, Biden, assinou uma ordem executiva na qual proíbe os estadunidenses de investirem em 59 empresas chinesas suspeitas de estarem ligadas às forças militares da China. De acordo com a Casa Branca, o objetivo da medida é “combater as ameaças que significam à segurança nacional dos EUA”.
Com informações do El País