
A CPI da Pandemia no Senado ouve nesta quinta-feira (5) o depoimento de Airton Antonio Solig, empresário e ex-assessor do Ministério da Saúde. Conhecido como Airton Cascavel, em resposta ao senador Eduardo Girão (Podemos-CE), o depoente afirmou que a secretaria-executiva do Ministério da Saúde era a responsável exclusiva por todas as tratativas de compra de vacinas anticovid, tanto nacional como internacionalmente.
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O depoente disse que, quando ele trabalhava no ministério, a pasta nunca interrompeu o diálogo com o laboratório Butantan, que produz a Coronavac no Brasil.
“Nunca deixou o ministério de falar com o Butantan até porque o Butantan é fornecedor de insumos para o ministério há muitos e muitos anos.”
Airton Cascavel
Airton Cascavel também informou que atualmente é filiado ao partido político Republicanos, mas que não tem pretensões eleitorais. O depoente afirmou, ainda, que não soube de qualquer tipo de irregularidade no MS quando lá trabalhou.
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Marcos Rogério e Jorginho Mello também destacam atuação no ministério
Os senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC) elogiaram a atuação de Airton Cascavel no Ministério da Saúde. Marcos Rogério destacou o atendimento que Cascavel deu a prefeitos e sua “sensibilidade para ouvir e intermediar”. Antes dele, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), também havia defendido a atuação do depoente nesse ministério.
Ao criticar colegas na CPI, Marcos Rogério afirmou que muitos senadores fazem questões ao depoente que não estão relacionadas com o ministério. O senador voltou a dizer que não há corrupção na condução do governo federal em relação à pandemia.
Líder do governo elogia desempenho de Airton Cascavel no ministério
Logo após a retomada do depoimento de Airton Cascavel, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) elogiou a atuação do depoente no Ministério da Saúde.
“Eu queria fazer um registro da atuação que ele teve à frente do Ministério da Saúde, sobretudo na interlocução com governadores e com prefeitos. Eu quero dar o testemunho da dedicação e do empenho em procurar atender, nos momentos mais críticos da pandemia, as demandas que nós encaminhávamos ao ministério para socorro aos prefeitos e aos governadores”, afirmou o senador.
Izalci: faltou liderança no enfrentamento à pandemia
Para Izalci Lucas (PSDB-DF), o depoimento de Airton Cascavel esclareceu bem seu papel “importante” no Ministério da Saúde no momento de combate à covid-19. Segundo o senador, que é membro suplente da CPI, faltou liderança no processo de enfrentamento à pandemia. Ele reiterou que devem ser chamados os secretários de saúde dos estados e do Distrito Federal. Assista à entrevista do senador feita durante o intervalo do depoimento de Cascavel.
Cascavel diz que se negou a receber “picaretas” no Ministério da Saúde
Eduardo Braga (MDB-AM) questionou Airton Cascavel sobre a demora para o início da vacinação no Brasil, que começou apenas em 17 de janeiro, enquanto outros países já aplicavam os imunizantes desde novembro de 2020. O depoente disse que se negou a receber “picaretas” no ministério e que sempre demonstrou posição favorável sobre os laboratórios e a importância das vacinas.
Após a intervenção de Braga, Eliziane Gama (Cidadania-MA), que ocupava a presidência da CPI, deu intervalo de 30 minutos para almoço. Na volta, devem falar Marcos Rogério (DEM-RO), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e outros senadores.
Airton Cascavel afirma que não tinha poder de decisão em ministério
A Luis Carlos Heinze (PP-RS), Airton Cascavel esclareceu que não tinha poder de decisão no Ministério da Saúde. Ele disse que sua atividade era restrita à articulação institucional e que todo processo decisório era realizado pelo corpo técnico da pasta. Cascavel acrescentou que na sua passagem pelo ministério e durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, não chegou a identificar distinção no atendimento a estados, municípios e lideranças políticas em razão de ideologia partidária.
Depoente nega ter recebido remuneração do MS antes de ser nomeado
Airton Cascavel negou ter recebido remuneração do Ministério da Saúde antes de estar formalmente nomeado como assessor especial. Em resposta a Humberto Costa (PT-PE), ele afirmou que o pagamento seria permitido se ele estivesse atuando como colaborador eventual. Mas disse não lembrar se isso aconteceu.
Randolfe protesta contra investigação da PF sobre vazamento na CPI
Na presidência da reunião, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reclamou da Polícia Federal, que instaurou inquérito para investigar o vazamento de informações sigilosas na comissão. O parlamentar cobrou do ministro da Justiça, Anderson Torres, uma investigação também sobre o presidente Jair Bolsonaro, que, segundo Randolfe, também divulgou em suas redes sociais, ontem, dados de um inquérito sigiloso.
Leia mais sobre como a CPI reagiu ao inquérito da PF.
Para Simone, ministério foi omisso no combate à covid-19
Simone Tebet (MDB-MS) disse que “houve omissão dolosa” do Ministério da Saúde no enfrentamento à pandemia. Ela lembrou que, durante a atuação de Airton Cascavel como assessor especial, a pasta alterou o Plano de Contingência Nacional para o combate à covid-19 e tentou transferir a responsabilidade exclusivamente para estados e municípios.
“A execução é tripartite, mas a coordenação geral deve ser da União. Sem planejamento, estados e municípios ficam sem pai nem mãe. Não houve coordenação. ‘Toma que o filho é seu’. Foi isso que foi dito para estados e municípios. É por isso que faltou kit intubação, sedativo e oxigênio. Porque o governo simplesmente lavou as mãos. Houve omissão dolosa” afirmou Simone.
Airton Cascavel não respondeu às críticas da parlamentar.
Com informações da Agência Senado