
Com Julinho Bittencourt e Plinio Teodoro
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) se manifestou pela primeira vez, na manhã desta quarta-feira (1º), desde que teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados na noite desta terça-feira pela Justiça do Rio de Janeiro. Para ele, “na falta de fatos novos, requentam os velhos que obviamente não chegaram a lugar nenhum e trocam a embalagem para empurrar adiante a narrativa”.
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O vereador disse ainda que “aos perdedores, frustrados por não ser o que sempre foram, restou apenas manipular e mentir. É o que mais acusam e o que mais fazem!”
A Justiça do Rio de Janeiro quebrou os sigilos bancário e fiscal de Carlos Bolsonaro para apurar o envolvimento dele na prática de rachadinhas na Câmara Municipal da capital fluminense.
Desde o início da investigação sobre esse tipo de prática na Câmara do Rio, essa é a primeira vez que o Ministério Público resolve levantar informações sobre o filho 02 de Jair Bolsonaro, que já era apontado por denúncias como um dos parlamentares que cometia esse tipo de crime.
No sexto mandato consecutivo como vereador no Rio, Carlos Bolsonaro já empregou dezenas de pessoas em seu gabinete parlamentar ao longo de 20 anos. O problema é que o MP tem informações de que a imensa maioria deles não trabalha no local, o que é vedado pelo regimento interno da Câmara, que obriga assessores a cumprirem 40 horas semanais de trabalho, em regime presencial.
Mãe do filho 04, Jair Renan, comandava esquema de rachadinhas de Carluxo
Mãe de Jair Renan, com quem mudou recentemente para uma mansão de R$ 3,2 milhões alugada no Lago Sul de Brasília, Ana Cristina Valle comandava um dos seis núcleos no esquema de corrupção e desvio de dinheiro, conhecido como “rachadinha”, no gabinete de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Câmara do Rio, segundo o Ministério Público.
Ana Cristina foi chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e abril de 2008, quando se separou de Jair Bolsonaro (Sem partido).
Ao menos sete parentes dela foram nomeados para cargos nos mandatos do filho 02 de Bolsonaro na Câmara do Rio, sendo que dois deles admitiram ao jornal O Globo nunca terem trabalhado para o vereador.
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, mostra diversas transações suspeitas nas contas de Ana Cristina como, por exemplo, um depósito de mais de R$ 191 mil em março de 2011, e outro de mais de R$ 341 mil em julho do mesmo ano.
O Coaf ainda identificou um saldo R$ 602 mil na conta da ex de Bolsonaro, que seria incompatível com a renda e podem configurar indícios do crime de lavagem de dinheiro.
Parentes
Marta Valle, cunhada de Ana Cristina que mora em Juiz de Fora, Minas Gerais, ficou sete anos e quatro meses na folha de pagamento do gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara do Rio.
Quando foi nomeada, em 1º de novembro de 2001, ela tinha uma filha de 1 ano e 5 meses. Ao jornal o Globo, ela diz que nunca trabalhou na Câmara carioca.
“Não trabalhei em nenhum gabinete, não. Minha família lá que trabalhou, mas eu não”, disse.
Ex-cunhado de Ana Cristina, o pequeno empresário Gilmar Marques, que também mora em Minas, consta como funcionário de Carlos entre 4 de janeiro de 2001 e 1º de abril de 2008 em cargo DAS-7, com salário que chega a R$ 14 mil, com penduricalhos.
Marques, que foi marido da fisiculturista André Siqueira Valle, nega que tenha trabalhado com Carlos Bolsonaro.
Fantasmas
Na lista dos supostos funcionários-fantasmas do gabinete está o coronel Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina Valle, que atua como uma espéci de contador do clã Bolsonaro.
Lotado no gabinete de Carlos por 10 anos, “tio” Hudson chegou a receber quase R$ 1,5 milhão. Em depoimento, ele disse que sua função era de assessoria jurídica e fazia análise da constitucionalidade de projetos de lei apresentados.
Ele disse também que acredita ter “trocado pouquíssimos e-mails” com o chefe Carlos Bolsonaro em 10 anos e que “não tem nenhum documento guardado” do tempo em que foi funcionário.
Panfletos
A reportagem da GloboNews também falou com um assessor que recebeu cerca de R$ 1,5 milhão nos 11 anos em que atua como assessor de Carlos Bolsonaro.
Com o último salário informado pela Câmara ao MP de R$ 17 mil, em maio do ano passado, o militar da reserva Edir Barbosa Goes tem como função entregar panfletos.