
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, concedeu nesta quinta-feira (17), entrevista ao programa Uol Entrevista, apresentado pela jornalista Fabíola Cidral e a participação dos colunistas do Uol Tales Faria e Josias de Souza.
No encontro virtual, Siqueira falou sobre as negociações da federação partidária, a possível entrada de Geraldo Alckmin no PSB e o rumo das candidaturas de Márcio França (PSB) e Fernando Haddad (PT) ao governo do estado de São Paulo.
Refletindo sobre a postura passada do PSB, Siqueira disse que “foi um erro” o partido ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016: “Temos uma autocrítica: foi impensado e fomos empurrados”. Siqueira ainda disse que houve forte pressão dos “sistemas de comunicação e do meio financeiro” para apoiar a queda de Dilma. Siqueira também ressaltou que a legenda socialista não errou sozinha.
“O PSB não foi buscado pelo presidente do PT na época, o Rui Falcão. Ele não me deu um telefonema”, afirmou, avaliando que o Partido dos Trabalhadores teve “falta de articulação” com aliados históricos.
Para o líder da legenda, o foco agora é buscar uma aliança com o PT para construir um “retorno pleno da nossa democracia”.
“Com ou sem federação, estaremos com Lula”, diz Siqueira
Na última terça-feira, para resolver o impasse entre quem deveria sair candidato ao governo de SP em uma eventual aliança entre PT e PSB — se Haddad ou França —, o petista sugeriu a ideia de que fossem realizadas prévias entre os partidos formadores da aliança.
Para Siqueira, porém, o pleito seria um “jogo de cartas marcadas” — ou seja: Haddad venceria sem maiores problemas —, tendo em vista a expressividade do PT ser maior que a do PSB ou a de qualquer outro partido que é cogitado para a aliança — no caso, PCdoB e PV.
“Prévias só têm gerado confusão”, afirmou Siqueira, relembrando o que está acontecendo no PSDB, com uma crise interna após a escolha do governador de SP, João Doria (PSDB), para representar a legenda no pleito presidencial em outubro.
Leia também: Democracia tem que ter defesa contra governos “autoritários e incompetentes”, diz Siqueira
Quando questionado se o PSB desistiria de consolidar a federação partidária com o PT se a legenda não abrisse mão de Haddad como candidato, Siqueira afirmou que independente disso, o PSB continuaria apoiando Lula.
“A imposição é inaceitável de qualquer uma das partes porque isso dificulta e nós não queremos dificultar. Se não chegarmos a um acordo, o PSB pode ter um candidato e o PT, outro candidato. Não há problema nenhum nisso. Nós [PSB e PT] nos respeitamos muito. Nós sabemos que Lula reúne as melhores condições para derrotar o bolsonarismo, então estaremos com ele. Com ou sem federação [partidária], com ou sem acordo sobre São Paulo, nós estaremos juntos.” Carlos Siqueira
Alckmin no PSB
Sobre a possível entrada de Geraldo Alckmin (sem partido) na legenda como forma de se viabilizar como vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na chapa presidencial para as eleições de outubro, Siqueira disse que a filiação só depende do ex-governador de SP.
“Ele é convidado, bem-vindo e só não vem se não quiser — e também só não será vice-candidato se o presidente Lula não quiser”, afirmou Siqueira, que disse que o PSB “não deve insistir” para que o ex-governador se filie à legenda.
“Ele sabe que tem amigos aqui, então sabe que pode vir”, afirmou. “E todos sabemos que ele é um homem muito cauteloso, não toma decisões precipitadas”, acrescentou.