
Com a pandemia da Covid-19, a tradicional festa de Reveillon em Copacabana já estava cancelada, e neste sábado o prefeito em exercício, Jorge Felippe (DEM), anunciou a proibição de fogos de artifício e caixas de som em toda a orla da cidade. Na última quarta (23), nove prefeitos de Baixada Santista, litoral de São Paulo, também anunciaram a proibição de festejos nas praias do sul do Estado, muito embora tenham mantido bares e restaurantes abertos, contrariando a diretriz do Governo do Estado, que determinou a fase vermelha para os 645 municípios de São Paulo desde a sexta (25).
Na fase vermelha, só serviços essenciais podem funcionar, mas o anúncio do governador João Doria, feito no dia 22, chegou tarde, segundo os prefeitos. Não houve tempo hábil para adaptar as cidades às novas restrições.
Proibições e cancelamentos
Diversas prefeituras optaram por elevar as proibições no final do ano, período propício para aglomerações e os excessos que se reservam para as festas, em meio à alta das mortes e contágios nas últimas semanas. Florianópolis, Recife, Salvador e Fortaleza já haviam anunciado o cancelamento das festas de Réveillon nas orlas semanas atrás. O cansaço com a quarentena e a impossibilidade de se desconectar da pandemia, porém, continua a gerar tensão em diversos pontos do país, como em Manaus, onde um decreto estadual estabeleceu o fechamento do comércio e o funcionamento apenas de serviços essenciais por 15 dias.
A medida pegou muita gente de surpresa, e um grupo de comerciantes e ambulantes decidiu protestar às 7 da manhã contra as proibições estabelecidas pelo governador Wilson Lima aos gritos de “Queremos trabalhar”.
A ansiedade no país aumenta enquanto lideranças políticas reforçam divisões e a falta de empatia para o tamanho do problema que o país enfrenta, incluindo a ausência de planejamento para a vacinação nacional.
Despreocupação de Bolsonaro com a vacina
Neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro disse que não se sente pressionado pelo fato de outros países do continente, como México e Chile, já terem dado início à vacinação. “Ninguém me pressiona, não dou bola para isso”, disse Bolsonaro, que mencionou “responsabilidade com o povo” para justificar a demora em dar respostas concretas.
O presidente garante que a sua preocupação maior é a falta de responsabilização dos fabricantes de vacinas para eventuais efeitos colaterais na vacinação, mas no horizonte de suas decisões está a disputa política e pelo protagonismo com a vacina em contraponto com o governador de São Paulo, João Doria.
São Paulo promete que a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com a chinesa Sinovac, estará pronta em 25 de janeiro, enquanto o Governo federal estima que a vacinação no país será possível em meados de fevereiro, a depender da aprovação de imunizantes pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Doria causou assombro ao deixar o país para passar férias de 10 dias em Miami no mesmo dia em que a fase vermelha era anunciada para o estado de São Paulo.
O vice que ficaria em seu lugar, Rodrigo Garcia, teve diagnóstico de Covid-19 um dia depois da saída do governador, e Doria acabou voltando antecipadamente, Pediu desculpas pela “infeliz coincidência” de datas, pois se retirava do Estado quando ele entrava na fase vermelha. O Brasil já supera os 190.000 óbitos e mais de 7,4 milhões de casos de Covid-19. Só São Paulo soma 45.808 mortes e mais de 1,4 milhão de infectados pelo vírus.
Confinamento contra a Covid-19
Enquanto isso, a população se divide sobre o confinamento neste final de ano. Em meio a relatos sobre festas familiares reduzidas país afora, outros estão levando vida normal a despeito da pandemia. O índice de isolamento medido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para o Governo do Estado mostrava uma taxa de isolamento abaixo de 50% na maioria dos municípios paulistas, incluindo a capital. A maioria dos dados se refere ao último dia 20.
A expectativa de especialistas é de que haja uma grande onda de contágios nos próximos dias no país, agravando o quadro de lotação em UTIs em hospitais.
Apesar das divisões, a pandemia tem colocado a saúde como prioridade concreta para os brasileiros, à frente inclusive do desemprego, mostra pesquisa Datafolha divulgada neste final de semana. O levantamento, que ouviu 2.016 entrevistados entre os dias 8 e 10 de dezembro, mostrou que 27% apontaram a saúde como o principal problema do país, à frente de desemprego (13%), crise econômica (8%) e corrupção (7%). Violência, política e segurança tiveram notas menores ainda.
Com informações do El País