
Principal grupo de risco durante a pandemia de Covid-19, os idosos também estão sofrendo com a diminuição ou mesmo ausência de renda. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgada nesta terça-feira (30), houve diminuição de renda em quase metade dos domicílios dos idosos, principalmente entre os mais pobres.
A pesquisa da Fiocruz foi realizada entre abril e maio de 2020 e mostrou que 50,5% dos idosos trabalhavam antes da pandemia, dos quais 42,1% sem vínculo empregatício. Durante o período analisado, foi registrada queda na renda em 47,1% dos domicílios, sendo que 23,6% relataram forte redução e até mesmo ausência de renda.
Entre aqueles que trabalhavam sem carteira assinada, ou seja, sem nenhuma estabilidade, a queda na renda foi ainda mais sentida. Nesses lares, 79,8% relataram diminuição e 55,3% afirmaram ausência total de renda. A diminuição também afetou de forma mais intensa os que tinham renda per capita domiciliar menor que um salário mínimo.
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Segundo a principal autora do estudo, Dalia Elena Romero, a perda de renda do idoso afeta muito toda a família. Ela defende a ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do auxílio emergencial e de programas de renda mínima, além de políticas que aumentem a escolaridade e a inclusão digital, para proteger a população idosa e seus dependentes da vulnerabilidade social.
Solidão durante o isolamento
Correspondendo a mais da metade das entradas na UTI por Covid-19, os idosos são considerados o grupo mais frágil para a doença. A pesquisa, no entanto, relata que houve cuidado redobrado entre os idosos, com 87,8% adotando o isolamento social total ou de modo intenso. Apenas 12,2% não aderiram ou aderiram pouco ao distanciamento, sendo que 66,6% desses não se isolaram por terem continuado a trabalhar durante a pandemia.
Em relação às condições de saúde física, mais de 58% dos idosos indicaram ter pelo menos uma doença crônica não transmissível, como diabetes, hipertensão, doença respiratória, do coração e câncer. Se considerado o tabagismo, esse índice sobe para 64,1%.
O estudo também revelou que a sensação de tristeza ou depressão recorrente foi maior em domicílios com menor renda (32,3%) e na população feminina (35,1%), em comparação com a masculina. O sentimento frequente de solidão pelo distanciamento dos amigos e familiares foi citado por metade dos idosos, sendo maior entre as mulheres (57,8%).
Condições de vida dos idosos na pandemia
Para investigar as condições de vida de idosos durante a pandemia da Covid-19, foram usados dados da Pesquisa de Comportamentos (ConVid), inquérito de saúde realizado pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A coleta de dados foi feita por meio de um questionário eletrônico, preenchido por 9.173 pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, entre abril e maio de 2020.
Com informações da Agência Brasil