
O ano começou com racha entre as alas que compõem o governo de Jair Bolsonaro (PL). Os ex-ministros da ala ideológica bolsonarista Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) reclamaram do domínio do centrão, que além do poder no Executivo comanda também o comitê eleitoral de Bolsonaro. A disputa entre os núcleos deve dificultar ainda mais a situação do presidente, que vai mal nas pesquisas de intenção de voto.
Um dos motivos da discórdia é que o centrão já avisou que vai se opor a candidatos bolsonaristas em Pernambuco, Piuaí, Ceará, Maranhão e São Paulo, onde Weintraub tenta viabilizar sua candidatura ao governo estadual, que não tem apoio de Bolsonaro que optou pelo nome do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas na disputa.
“Um grande obstáculo que nós conservadores estamos passando, estamos sendo atacados continuamente, e fomos substituídos por essa turma do centrão que você citou”, disse.
Araújo se queixou que o centrão “começou a dominar o governo e pautar o governo”. Weintraub disse que os conservadores foram “substituídos por essa turma”.
As reclamações foram feitas durante um programa no YouTuube, o “ConservaTalk”, ao lado do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (Meio Ambiente), que é investigado por suspeita de crimes como advocacia administrativa, criar dificuldades para a fiscalização ambiental e atrapalhar investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
O pastor Silas Malafaia que participou do programa também engrossou o coro contra o centrão, para depois voltar atrás e defender a aliança com o grupo.
Reclamou que os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações) não se empenharam para garantir a aprovação do ‘terrivelmente evangélico’ André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Assim como Malafaia, Salles e o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que também participou do programa, defenderam a aliança com o centrão.
Um alento de Bolsonaro ao grupo conservador foi vetar a liberação dos jogos de azar, pauta dos evangélicos.
Bolsonaro quer ataque do centrão a Lula
Com o centrão, Bolsonaro mira na candidatura de Lula. Saiu em defesa da reforma trabalhista que retirou direitos dos trabalhadores, realizada parte no governo de Michel Temer e parte em gestão, que o petista criticou.
Mais que isso, o atual chefe do Executivo aumentou o poder do centrão ao entregar parte dos recursos do Ministério da Economia para a Casa Civil. Com isso, Ciro Nogueira já iniciou a inquisição contra os dissidentes bolsonaristas e vai enxugar o orçamento cortando verbas dos aliados que não apoiaram o governo no Congresso.
Junto da punição, Bolsonaro agora cobra que o centrão parta para o ataque contra Lula (PT).
As ações condizem com a declaração de Bolsonaro, que negou fazer parte do grupo para ganhar as eleições, mas de onde nunca saiu.
“Eu sou do centrão. Sempre fui de lá“, disse ao entregar a Casa Civil para Ciro Nogueira.
Com informações da Fórum, O Globo, g1, Estadão