
O noticiário sobre a Lava Jato ganhou mais um personagem durante esta semana. O advogado criminalista Nythalmar Dias Ferreira fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para acusar o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio de Janeiro, de negociar penas, combinar estratégias com o Ministério Público e direcionar acordos, além de pressionar investigados.
Bretas é juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, responsável por julgar os processos do braço fluminense da Lava Jato. O caso foi divulgado com exclusividade pela revista Veja.
Bretas falou em “aliviar” pena de Cavendish
De acordo com a reportagem, Ferreira apresentou aos promotores uma gravação em que Bretas fala em ‘aliviar’ a pena de Fernando Cavendish, um outro delator preso na operação Lava Jato.
No referido áudio, o juiz diz a Ferreira que havia conversado com o Ministério Público sobre um acordo e que poderia “aliviar” a pena de Cavendish caso tudo saísse como o esperado, ainda citando conivência do procurador Leonardo Cardoso de Freitas, então coordenador da Lava Jato no Rio de Janeiro.
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“Você pode falar que conversei com ele, com o Leo, que fizemos uma videoconferência lá, e o procurador me garantiu que aqui mantém o interesse, aqui não vai embarreirar”, diz Bretas na gravação. “E aí deixa comigo também que eu vou aliviar. Não vou botar 43 anos no cara. Cara tá assustado com os 43 anos”, diz em outro trecho do diálogo.
A matéria cita alguns exemplos dados por Nythalmar: que o juiz intermediou um ‘acordo informal’ com o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, para poupar a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, das investigações de corrupção.
Além disso, Bretas teria tentado transferir, de São Paulo para o Rio de Janeiro, uma investigação envolvendo o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, na esperança de encontrar alguma irregularidade envolvendo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, crítico declarado dos métodos da Lava Jato.
O advogado afirma ainda que o juiz tentou interferir na campanha de 2018 em favor do ex-governador do Rio, Wilson Witzel, destituído após sofrer impeachment, ao vazar o depoimento de um ex-assessor do então adversário Eduardo Paes.
Resposta do juiz Bretas
O juiz Marcelo Bretas respondeu às acusações nesta sexta-feira (04), às acusações de irregularidades na condução das investigações da Lava Jato. “Afirmações falsas! Fatos distorcidos! A reunião referida pelo advogado de defesa (e por ele gravada) foi feita a pedido do próprio advogado e com a participação do representante do MPF, na 7ª Vara Federal Criminal do RJ”, afirma Bretas sobre as declarações do advogado.
OAB vai pedir afastamento do juiz
Nesta sexta-feira (04), o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deverá encaminhar ao Conselho Nacional de Justiça e também ao Conselho da Justiça Federal um pedido de afastamento do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, responsável pelos processos da chamada “lava jato” no estado, devido às denúncias reveladas pela revista.
Com informações da Veja