
A explosão no preço da gasolina fez com que se formasse uma fila enorme de veículos brasileiros neste sábado (12), na Ponte Internacional, que liga Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, à cidade argentina de Paso de los Libres. A gasolina por lá custa o equivalente a R$ 2,99 com a conversão do câmbio.
Já em Uruguaiana, o valor mais barato do litro do combustível é de R$ 6,75 – em alguns, passa de R$ 7.
“Com menos de R$ 150 você completa o tanque com o valor da melhor gasolina deles aqui”, diz a assistente social Alessandra Camargo, que aguardava na fila.
Demora de horas
A fila pra cruzar a fronteira chegou a demorar duas horas. No lado argentino, a fila se repetiu na proximidade dos postos.
“Pelo custo que a gasolina está no Brasil, para quem consome bastante, compensa esse tempo de espera”, considera um motorista que estava na fila.
O aumento no preço da gasolina foi de 18,8% para as refinarias, uma alta de R$ 0,44, em média, na bomba. Na semana anterior ao reajuste, conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgada no dia 12 de março, a média da gasolina no RS era de R$ 6,380.
Jogo invertido
As grandes filas na fronteira fizeram com que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) recordasse uma frase do presidente Jair Bolsonaro pouco antes de Alberto Fernández vencer a eleição presidencial do seu aliado, Maurício Macri. “Argentinos fugirão para o Brasil se ‘esquerdalha’ ao poder no país vizinho”, disse na ocasião.
A deputada se limitou a comentar no seu Twitter neste sábado: “parece que o jogo virou, né?”
Governo Bolsonaro tem 72h para explicar aumentos
A Justiça brasileira quer que o governo Bolsonaro justifique o aumento dos combustíveis. A juíza federal Flávia de Macêdo Nolasco, da Seção Judiciária do Distrito Federal, atendeu solicitação do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Vargas (CNTRC), Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Guarulhos e Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Jundiaí.
Com isso, estabelece prazo de 72 horas para que o governo Bolsonaro explique o aumento dos combustíveis. As entidades pedem que o reajuste seja suspenso.
A solicitação para a manifestação acontece também depois de pedido de liminar apresentado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas.
Leia também: Alta dos combustíveis adiciona 0,6 ponto na inflação e alimentos ficam mais caros
Jair Bolsonaro (PL), por meio da Advocacia-Geral da União (AGU); o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna; e a própria estatal devem responder aos questionamentos.
A ação afirma que é ilegal a política de paridade, que atrela o preço do combustível vendido no Brasil ao valor internacional do barril de petróleo.
“Trata-se de pedido de cessação de atos e omissões fundadas em prática inconstitucional, ilícita, antiética e imoral, lesiva aos consumidores dos derivados básicos de petróleo em território nacional afetados pela decisão política de fixação de preços imotivadamente vinculados a paridade internacional”, diz um trecho da ação.
Reajustes “caracterizam atentado à soberania nacional”
“Os sucessivos aumentos de preços dos combustíveis, promovidos pela terceira e quarta rés com apoio e tolerância do primeiro e segundo réus no âmbito da ANP e do CNPE, diante da aplicação de políticas econômicas lesivas ao interesse nacional, à ordem econômica, aos direitos fundamentais do consumidor, configuram atos e omissões inconstitucionais e ilegais, caracterizam violação de setores sensíveis em atentado à soberania nacional por subordinação da independência do setor energético a interesses meramente econômicos externos”, acrescenta o documento.
Com informações da Rádio Guaíba e da CNN Brasil
Por Julinho Bittencourt e Lucas Vasques