
Nesta terça-feira (26) o Brasil chegou aos três meses da primeira confirmação de Covid-19 no país, ocorrida em 26/02, e segue sem um planejamento que consiga frear a curva de transmissão da doença, totalizando 23.622 mortes e 377.780 casos conformados.
E a instabilidade no setor mais essencial do momento, a saúde, ainda alçou o país à liderança do ranking de mortes diárias por covid-19. Foi o que mostrou o boletim do Ministério da Saúde, dessa segunda (25), com o registro de 807 vidas perdidas em 24 horas, contra 620 óbitos registrados nos EUA.
Assim, destaca o El País, além de ainda não ter um plano robusto para mitigar a progressão da doença, há dez dias o país atravessa a crise do novo coronavírus sem comando oficial definido para a pasta da Saúde.
O mesmo governo Bolsonaro que parece alheio ao acúmulo de corpos, não tira os olhos da agenda econômica e segue a estratégia de incentivar o retorno da população às ruas, apostando, para isso, na cloroquina.
Agenda Econômica
Contrariando as determinações das agências sanitárias, Bolsonaro não faz campanha pelo uso do medicamento, já desacreditado pela comunidade científica, inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como seu governo manteve a orientação de uso.
Nessa semana, a organização anunciou a suspensão “temporária” de ensaios clínicos internacionais com a droga por “precaução”.
A economia inclusive foi amplamente tratada na reunião ministerial, tornada pública pelo Supremo, cujo objetivo era discutir o Plano pró-Brasil. Nas quase 2h de reunião sobre pandemia, Bolsonaro e ministros falam de coronavírus por apenas 19 minutos.
Troca de cargos na pasta
Por outro lado, o governo de Bolsonaro demonstra agilidade quando o assunto é a troca de cargos no Ministério da Saúde.
Depois da saída repentina de dois ministros, médicos, a pasta terá a substituição de seu primeiro escalão técnico, por militares. Foram 15 nomeações até o momento.
O secretário de vigilância, Wanderson de Oliveira, responsável pela estratégia brasileira de combate à crise, foi exonerado também na segunda-feira.
Hospitais de campanha
E foi nessa semana que a pasta entregou, com atraso, um dos hospitais de campanha que construiu, em Águas Lindas (Goiás), além de definir as regras para financiar leitos desse tipo equipamento público.
De acordo com a estratégia definida pela Saúde, não haverá mais construção dessas estruturas provisórias, que agora devem ser implementadas e gerenciadas por Estados e municípios.
Sem capacidade de coordenar a crise e nem ao menos fornecer dados precisos sobre a doenças, o Governo Federal joga para estados, municípios e o Distrito Federal a resolução da crise.
“Com a pandemia, tudo é novidade e estamos tendo de buscar soluções de maneira ágil. No primeiro momento, se apoiou com o hospital de campanha, que tem uma gestão compartilhada, mais complexa. Com as dificuldades, chegou-se à conclusão de que era melhor descentralizar recursos e que isso ficasse com os Estados e municípios”, explicou o secretário-executivo substituto da pasta, Élcio Franco.
Segundo o Ministério, essas unidades provisórias só devem ser construída quando a capacidade instalada do sistema de saúde dos Estados e municípios atingir o limite e não puder contratar leitos de hospitais privados.
Com informações do El País e Correio Braziliense.