Em mais uma manifestação de menosprezo pelas medidas essenciais para a contenção da pandemia da Covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que mandou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fazer um parecer para desobrigar o uso de máscaras por pessoas que já tiveram o coronavírus e por vacinados. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (10), durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília.
Bolsonaro não detalhou como será essa “liberação”, já que não há norma federal obrigando o uso de máscaras pela população, mas sim decretos estaduais, municipais ou distrital.
“Acabei de conversar com um tal de Queiroga — não sei se vocês sabem quem é —, nosso ministro da Saúde. Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados. Para tirar esse símbolo, que obviamente tem a sua utilidade para quem está infectado”, declarou.
Líder da oposição critica postura de Bolsonaro
O líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), criticou a medida. Par ele, é mais uma prova do desprezo que Bolsonaro tem pela vida dos brasileiros.
Ministério da Saúde se esquiva sobre máscaras
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse no início da noite desta quinta-feira (10/6) que a desobrigação ainda “está em estudos”. “ Eu sou ministro dele. Trabalhamos em absoluta sintonia”, disse Queiroga. Porém, em depoimento à CPI da Pandemia no Senado, o ministro contradisse seu chefe e defendeu o uso de máscaras.
Especialistas criticam medida
Membro do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, Munir Ayub, afirmou ao G1 que “não existe essa possibilidade” de se prescindir do uso da máscara no atual estágio da pandemia.
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“Não tem nenhum sentido. É uma orientação apenas política porque não tem nenhuma justificativa médica para isso. Mesmo a pessoa que já teve ou que já foi vacinada não está livre de se reinfectar. Enquanto estiver circulando o vírus neste nível alto, não existe essa possibilidade. Neste momento é temerário.”
Munir Ayub
Para Renato Grinbaum, infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia, o anúncio de Bolsonaro é “completamente fora do aceitável”.
“Não existe nenhuma lógica para suspender uso de máscaras. A vacina previne bem as formas graves, mas não é uma ferramenta tão poderosa para evitar infecções leves e transmissão. No momento em que se discute aumento de casos em algumas regiões e a possibilidade de terceira onda, este tipo de proposta é completamente fora do aceitável”, afirmou também ao G1.
Com informações do G1 e Metrópoles