
Depois de demorar quatro dias para saudar a vitória de Gabriel Boric nas eleições presidenciais do Chile, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu que quem irá representar o Brasil na posse do mandatário do país vizinho será o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Não é a primeira vez que Bolsonaro manda o vice para participar de compromissos internacionais em que ele não quer estar presente.
Saudosista do ex-ditador Augusto Pinochet, Bolsonaro não escondeu o descontentamento com a vitória de Boric sobre o ultradireitista José Antonio Kast. Quatro dias depois do triunfo do candidato da Frente Ampla, Bolsonaro disse que pediu para o Itamaraty parabenizar “o tal Boric”.
O presidente eleito chileno rebateu a declaração com elegância: “Não farei declarações destemperadas. Creio que em políticas de Estado é preciso ser um pouco mais cuidadoso. Claramente somos muito diferentes”.
Em entrevista ao portal direitista Gazeta Brasil, Bolsonaro já havia dito que não iria à posse. Para evitar a participação, o presidente brasileiro voltou a recorrer a Mourão como “tapa-buraco”.
Mourão já foi incumbido de participar da posse de Alberto Fernández, na Argentina, e Pedro Castillo, no Peru. Bolsonaro só foi se encontrar com Castillo na quinta-feira, durante uma reunião realizada em Porto Velho (RO).
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Em junho, Bolsonaro lamentou o triunfo do professor sindicalista sobre Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, com uma frase que ganhou grande repercussão: “Perdemos o Peru”.
O mandatário não compareceu à posse de Castillo e foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
Apesar de a relação entre eles ter começado de forma conturbada, a dupla posou para um foto em que Bolsonaro usa o chapéu de campesino do homólogo peruano, uma marca de Castillo desde as eleições.
Por Lucas Rocha, da Fórum